Ontem fui ao funeral da minha avó Cândida, que morreu ao final da tarde de 3 de Outubro, com 96 anos.
Era a última avó que ainda me restava e uma das poucas pessoas verdadeiramente boas que conheci. Ficam-me as recordações de infância, dos verões passados com ela a aprender a costurar e a fazer malha e filhoses, da paciência e disponibilidade que tinha para os netos.
Apesar da sua vida doméstica, simples e pacata, viveu em diferentes cidades e até continentes, e criou três filhos. Acreditava em partilhar o que tinha e ajudar os outros.
Foi difàcil assistir ao seu declànio durante os últimos anos em que aos poucos foi perdendo as faculdades que lhe permitiam relacionar-se e comunicar com o mundo e em particular a famàlia. Teve nas minhas tias, principalmente, um apoio constante e dedicado que lhe permitiu continuar em casa até poucos meses antes de morrer, altura em que o seu estado era já demasiado debilitado para o cuidado recair apenas sobre a famàlia.
Ontem foi um dia triste mas de certa forma custava mais vê-la naquela fase terminal em que já não se reconhecia a pessoa que nós conhecemos e amámos. Acredito que teve uma boa vida, com famàlia e amigos que gostavam dela e a respeitavam.