No mês de novembro os nossos gatos andaram todos constipados. Uma coriza é normal nesta altura do ano e os mais crescidos já passaram por isso antes, portanto não me preocupei muito até perceber que o Chewie, o nosso gatinho mais novo, não estava a recuperar como os outros. Em vez disso desenvolveu uma infecção respiratória e teve de tomar antibiótico.
Já no inàcio de Dezembro, precisamente no último dia do antibiótico, reparei que o Chewie deixou de procurar colo, começou a vomitar e deixei de o ver comer. Voltou ao veterinário que disse que, como o gato não tinha febre era questão de esperar para ver se passava.
No dia, 2, quarta feira, a Joana ficou em casa doente e entre compras e fazer biscoitos percebi que o gato não estava mesmo nada bem. Ele é tão activo e está sempre ao pé de nós, por isso passar o dia no mesmo cantinho sem se mexer era mau sinal.
Pedi ajuda ao meu pai, para não ter de ir a pé com o gato mais a Joana, e lá fomos ao vet. O veterinário fez análises e rx e constatou que o gato estava com panleucopenia, uma doença bastante grave, cuja percentagem de sobrevivência em gatos pequenos é de cerca de 30%. Fiquei imediatamente convencida que o gato já não saàa de lá vivo.
Fui vê-lo todos os dias, para o bicho não achar que tinha sido abandonado ali e ele continuou a piorar. Andei muito em baixo durante estas semanas que pareciam não ter fim, sempre à espera do telefonema a dizer que ele não tinha sobrevivido à noite. Ao fim de uma semana pareceu melhorar mas continuava com febre. Entretanto, como estava com o sistema imunitário em baixo, apanhou outro vàrus, desta vez um calicivirus, que lhe deu cabo da làngua, fazendo com que ele continuasse sem querer comer.
Ainda veio a casa um dia mas na manhã seguinte estava outra vez pior e voltou a ficar internado. Já não lhe podiam dar mais anti inflamatório para a febre porque há um limite de uma semana, por isso andaram a tapá-lo com toalhas molhadas e a alimentá-lo à seringa. A cada três dias era preciso mudar o cateter do soro de sítio, para evitar infecção e o bicho já estava um autêntico passador, com bocados de pelo rapados nas patas todas, sujo de cuspir a comida que lhe tentavam dar e no geral um aspecto miserável. Mais parecia um gato idoso do que um gatinho de 4 meses.
Como estava com tremores de origem neurológica, Fizeram-lhe uma série de testes – Fiv, Felv, Pif, toxoplasmose, meningite – e deu tudo negativo. Por esta altura já não parecia haver razão para a febre porque a panleucopenia estava ultrapassada e o calicivirus não deveria dar febre durante tantos dias. O bicho estava anémico e o facto de não comer causou uma efusão pleural (làquido que penetrou a membrana que rodeia os pulmões), tornando a respiração difàcil. Para retirar o làquido tiveram de o sedar com valium e nesse dia ele fartou-se de comer, porque o valium tem nos gatos o efeito secundário de abrir o apetite.
Apesar de ser o ponto mais baixo da coisa, quando eu achei que já não havia mesmo hipótese, acabou por ser o ponto de viragem, nem sei bem como. A partir daà começou finalmente a comer sozinho, a febre baixou e o bicho começou lentamente a demonstrar um comportamento mais normal.
Os veterinários foram absolutamente impecáveis e amorosos ao ponto de deixarem o Chewie sair da sua gaiola e andar à solta pela sala para ver se fazia algum exercício porque tinha perdido muita massa muscular.
Na sexta feira, dia 11 de dezembro, o gato veio finalmente para casa. Estava muito fraco e só comia ao colinho, mas comi< sozinho, miava, limpava-se, afiava as unhas e fazia tudo como normalmente. Não conseguia saltar e os tremores podem ser permanentes, mas o primeiro passa e o segundo, desde que não interfira com a vida dele, é irrelevante.
Quando veio para casa só queria companhia e passava o tempo a ronronar e a miar. Ainda teve de tomar antibiótico durante mais duas semanas, mas aos poucos foi melhorando, ficando mais forte e ganhando peso. Apesar de continuar com pouca força nas patas traseiras, já corre pela casa a aterrorizar os outros gatos todos.
Sinceramente custa a acreditar que o bicho tenha conseguido sobreviver a tudo isto mas nunca tive um gato tão meigo e sociável e era uma crueldade indescritàvel perder esta criatura maravilhosa.
Mas como parece ser mesmo um gato muito azarado, na véspera de natal começou a coçar as costas com uma violência tal que ficou ferido e arrancou um monte de pelo. Ao princàpio parecia ser só porque a crosta que se formou na zona onde lhe deram injecções o estava a incomodar, mas desde então comecei a suspeitar de fungos. Agora é preciso dar-lhe banho com um champà´ especial e ver se não piora muito.
Nesta última semana também mudou de dentes. É muito estranho ver os gatos nesta fase, com caninos duplos (porque o dente novo cresce antes do anterior cair). O Tiago acho que devàamos guardar os dentinhos do gato, porque também pertence à famàlia. Já tem uma caixinha dedicada, mas só conseguimos apanhar dois dos quatro.
Só pergunto o que raio vem a seguir. Este gato está a ter uma infância muito complicada…