O último mês tem sido complicado por motivos pessoais. Não me vou por aqui a expor a telenovela, mas tenho estado com muito pouca energia para fazer seja o que for, incluindo escrever posts do blog. As coisas à s vezes não correm como esperamos e estou aos poucos a recuperar de um grande murro no està´mago. Mas pronto, a vida continua.
Para sublinhar essa última frase, fomos comprar móveis e outros elementos para decorar a casa. Um dia passado na Worten e outro no Ikea resultaram numa TV brutalmente gigante para a sala (prenda de aniversário do Pedro) e uma cómoda e um toucador para o quarto, este último algo que eu tinha na wishlist desde que nos mudámos para esta casa. Os dias seguintes foram passados a montar móveis e caixas e ainda tenho muito que arrumar. É uma distracção, acima de tudo.
Entretanto o Tiago acabou oficialmente o primeiro ano da escola primária e está de férias. Combinámos que pode ficar em casa em dias alternados que não coincidam com as minhas aulas de joalharia. Nos outros dias vai para o ATL.
A Joana teve hoje o seu primeiro dia de praia. Estava toda entusiasmada até chegar a hora de entrar para o autocarro. Aà começou a chorar e foi preciso agarrarem nela ao colo enquanto gritava “quero a mamã”. Fiquei com vontade de a levar de volta para casa e que se lixe a praia, mas acho que já faço isso vezes demais.
Sempre que posso dou-lhes escolha – no que querem comer, vestir, o que querem fazer ao fim de semana, etc. Acho que isso os incentiva a tomar decisões e também a ganhar confiança porque sentem que têm algum controlo sobre a sua própria vida. Têm regras a cumprir à mesma, tal como lavar as mãos antes de comer, hora do banho, hora de deitar, etc, mas tento criar um equilàbrio e explicar a razão das obrigações.
Infelizmente o mundo exterior não é tão compreensivo, e na escola são obrigados a seguir todas as regras que lhes forem impostas e com muito pouco poder de escolha. Por exemplo, já tive de ir falar com a monitora do ATL que forçava o Tiago a ficar fechado na sala mesmo quando não tinha trabalhos de casa em vez de o deixar ir brincar para o recreio com os outros. Depois de um dia inteiro fechado numa sala de aula, aquilo era um verdadeiro castigo para ele. Disse-lhe que achava que ele precisava era de ir correr um bocado e não passar mais uma hora a pintar ovos de páscoa ou outra das actividades organizadas. Compreendo que há crianças que adoram esse tipo de actividades (eu era uma delas) mas o meu filho é demasiado energético e precisa de uma horinha de exercício antes de se ir enfiar em casa. Acho que o ATL tem de ser flexàvel nestas coisas mas é complicado porque a norma é tratar todos os miúdos por igual, independentemente de preferências ou temperamento. Sei que é mais fácil assim mas nunca concordei com a tendência das escolas para transformar as crianças em robots.
Por outro lado oiço muitas vezes que devia obrigá-lo a participar nas actividades organizadas para se habituar. Compreendo que para pessoas naturalmente sociáveis isso possa parecer um conselho sábio. Para pessoas introvertidas, pelo contrário, forçar a socialização é um verdadeiro pesadelo.
O Tiago não é anti-social. Ele tem amigos e gosta de brincar com os outros. No entanto não gosta de ser o centro das atenções nem de actividades de grupo forçadas. Gosta de inventar as suas próprias brincadeiras. As festas da escola e idas à praia, por exemplo, são um sofrimento para ele. Porque é que eu iria forçá-lo a participar sabendo isso? Para mim isso seria o equivalente a fechar uma pessoa numa sala cheia de aranhas para perder a aracnofobia. É meramente cruel.