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Má despesa

Toda a gente sabe que os governos, sejam eles quais forem, gastam dinheiro de forma irresponsável. Para além do que metem ao bolso, num paà­s onde a corrupção é um modo de vida, há os salários altà­ssimos, os carros de luxo, os 30 administrativos que são bons demais para atender o telefone, a quantidade de funcionários públicos que não fazem nada e ainda são mal educados quando têm de atender o público, os negócios obscuros com empresas privadas, as reformas para gajos que tiveram o tacho 4 anos e estão longe da idade da reforma, a venda das poucas empresas públicas que efectivamente dão lucro, enfim, a lista é infinita.

O problema parece-me ser que estas pessoas tratam o dinheiro dos impostos como notas de monopólio. Pior que isso, acho que a atitude geral é tão simples como, o dinheiro não é meu, vamos lá ver quanto é que consigo estoirar antes de ser apanhado. E no nosso paà­s, um paà­s onde um gajo está preso e mesmo assim os tansos querem continuar a votar nele, ninguém é apanhado. Passam todos por uns coitadinhos que não faziam ideia do que estavam a fazer e ninguém é responsabilizado por nada.

Uma empresa que fosse gerida desta forma ia à  falência em menos de um ano. Os polà­ticos tentam convencer-nos que o Estado devia ser gerido como uma empresa, que devia de alguma forma dar lucro mas depois são uns nabos como gestores. É uma ideia absurda, de qualquer forma. Nós pagamos impostos para que o Estado construa estradas, hospitais, escolas, infraestruturas necessárias ao bem comum. Para que haja polà­cia e bombeiros, para que exista um mà­nimo de lei que nos permita andar na rua sem medo de sermos constantemente atacados. O Estado existe, como infraestrutura, para haver alguém responsável por fazer cumprir as regras básicas e estabelecer que todos os cidadão têm os mesmos direitos. Fora isso deviam ficar quietinhos. Ninguém espera que o Estado dê lucro mas sim que o dinheiro seja aplicado nas áreas acima descritas, de forma a beneficiar a população. Mais nada.

Mas para além dos negócios sujos e da ganância tà­pica dos humanos, parece-me que a despesa absurda também passa por pequenas coisas que não estão sequer no radar de ninguém. Passa pela redução da burocracia e da despesa ao nà­vel mais simples. É um bocado como um autoclismo que vai pingando. É só uma gotinha mas ao fim de uns meses perderam-se litros de água sem se dar por isso.

Um exemplo disso com que deparo diariamente é a quantidade de cartas das finanças que recebo para o homem que nos vendeu a casa. Mudou-se há mais de 3 anos e, como deve um balúrdio à s finanças, não deu nova morada. Eu já liguei para lá a dizer que o homem não vive aqui mas, em vez de colocarem no sistema que a morada estava errada e pararem com a correspondência, responderam-me que até terem nova morada iriam continuar a enviar a correspondência para a minha casa. Ou seja, recebo dezenas de cartas que tenho de devolver e o Estado está a gastar dinheiro em papel, tinta e custos de envio desnecessários.

As cartas da foto são só as mais recentes, que ainda não me dei ao trabalho de devolver. Com um volume destes mensal, imaginem a quantidade ao fim de 3 anos.

Eu sei que isto é tão insignificante que não tem qualquer impacto, mas já pensaram na quantidade de situações idênticas que devem existir em todo o sistema do Estado? Pequenas coisinhas a que ninguém liga e a despesa final que isso deve dar? Tudo porque estão a brincar com dinheiro que não é deles e não querem saber o suficiente para fazer o seu trabalho de forma responsável. Se ninguém se interessa a este nà­vel tão básico, como é que podemos acreditar que alguma coisa vai mudar mais acima, com os senhores doutores que se acham demasiado importantes para perder tempo a preocupar-se com o povo?

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