No dia 4 de Julho celebrámos o nosso oitavo aniversário de casamento. Como nos conhecemos há bastantes mais anos nem parece um número assim tão grande. O último ano foi um teste pesado e se conseguimos chegar aqui acho que conseguimos ultrapassar qualquer coisa. Não que eu tivesse dúvidas. A minha relação com o Pedro sempre teve uma base de amizade muito forte que segura tudo o resto. Não é uma relação perfeita, porque isso não existe, mas tem bastantes mais momentos bons que maus e isso é que importa. à€s vezes apetece-me bater-lhe mas não gosto menos dele por isso. E como eu também não sou nada fácil de aturar acredito que o sentimento seja mútuo. Aliás, no último ano tenho sido muito dificil de aturar mesmo e ele aguentou tudo incluindo as minhas crises de atirar pratos ao frigoràfico. Love you, honey.
Como o Pedro teve de trabalhar a celebração foi apenas jantar num restaurante italiano. Estava a dar o joge de futobol da itália e a dona do restaurante teve um ataque de histeria quando a itália marcou golo. Nunca ouvi uma pessoa gritar tanto.
Uma coisa que nos acontece frequentemente é ter pessoas a perguntar-nos como é que sabemos que estamos com a pessoa certa, como é que conseguimos aguentar este tempo todo, como se isso fosse um grande sacrificio. Já consegui perceber por muitas dessas conversas que as pessoas têm medo que a sua relação não dure para sempre, como se existisse uma fórmula qualquer que garantisse isso, tipo escolher a pessoa certa = feliz para sempre. Sinceramente não acredito na história do ‘para sempre’. Vai sempre acontecer qualquer coisa que estraga tudo, nem que seja a morte. Acho que não vale a pena estar constantemente a pensar no que pode vir e é melhor concentrarmo-nos no que temos à frente naquele momento. A pessoa certa é a pessoa que nos faz sentir bem e que está lá. Se deixar de estar lá não era a pessoa certa. Parece-me simples.
O que não quer dizer que assim que qualquer coisa corre mal seja sinal de fugir, que é o que deve acontecer muitas vezes. O que eu faço quando as coisas correm mal é pensar “se eu me fosse embora agora ficava feliz ou ia doer?” Se doer, nem que seja um bocadinho, vale a pena resolver a questão e continuar em frente. Acho que uma relação só acaba quando parece estar tudo a correr bem e as pessoas mesmo assim estão infelizes. Ou quando existe violência, claro. Mas isso acho que nem vale a pena dizer.
A Carla ofereceu-me recentemente um livro que ainda não acabei de ler mas que até agora me parece giro e que se chama ‘Jane Austen’s guide to dating’. É escrito por uma inglesa que foi viver para New York e apanhou com os concelhos estupidos dos amigos que tratam as relações como se fossem um jogo em que alguém tem o poder, em vez de se limitarem a tratar a outra pessoa com respeito. Acho que a nossa cultura já absorveu muito dessa forma de pensar e isso só dá confusão. Essa mania de tratar o sexo oposto como o inimigo é o que impede que se formem relações duradouras. Isso e andar sempre a embirrar com as manias da outra pessoa quando finalmente se está numa relação. A minha filosofia sempre foi: toda a gente tem defeitos. Temos é que encontrar uma pessoa cujos defeitos não nos incomodem muito. Por isso entre um tipo que dorme com uma gaja diferente todas as semanas ou um que deixa as meias no chão do quarto, penso que não é difàcil escolher, nem vale a pena arranjar confusões por isso.
A teoria inerente a todas as histórias da Jane Austen é que o companheiro ideal é alguém que consideramos um igual. Uma pessoa que não é apenas atraente mas que também nos acompanha a nivel intelectual e emocional. O respeito mútuo e o companheirismo são elementos muito mais importantes numa relação que que pernas bem feitas e o livro defende que as pessoas se atiram para relações sem tentar imaginar o que será viver com aquela pessoa a longo termo. A questão é que as pessoas mudam fisicamente e até mudam de gostos e atitudes, mas a base é sempre a mesma durante toda a vida. E se as pessoas tivessem menos medo de mostrar como são realmente provavelmente cometiam menos erros.
E, claro, depois há o factor sorte.
A loja tem tido imensas visitas, o que é óptimo e já acrescentei dois bonecos novos.
Eu e aqui o rapaz partilhamos da mesma opinião..so far, so good! : )
Os meus parabéns a ambos.
Também vivo com um amigo de infância e o nosso compromisso dura há 11 anos (tenho como tu, 32). Toda a gente pergunta o segredo do sucesso, mas eu acho que passa mesmo pela parte de sermos amigos. DaÃ, cresce tudo.
Por tudo o que também me aconteceu durante o último ano, pelo fim de varios sonhos e por pesadelos passageiros… só me deu vontade de chorar enquanto te lia… mas acabei com um sorriso, o que só pode ser bom sinal.
Gostei mesmo do que escreveste, e concordo que uma base sólida de amizade consegue segurar tudo, mas muito mérito vai para vocês os dois como pessoas, porque hoje em dia quer-se tudo fácil, se há um problema as pessoas viram costas, não se luta, não se tenta e vocês realmente são um exemplo a seguir. Uma relação duradoira não é um mito urbano, vocês são a prova disso! Parabéns, Dee 🙂
Gostei muito de ler este texto. A pessoa-certa é uma abstracção, uma fantasia que as pessoas criam por causa das suas inseguranças. O medo de falhar é uma coisa terrÃvel. A pessoa-certa, enquanto conceito, é uma inexistência. Traduz-se, afinal, como tão bem diz, em quem está connosco quando estamos felizes. A mania de rotular tudo, somos uma espécie difÃcil… 🙂