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Comunicação (Paperbag)

Toda a gente precisa de comunicar e toda a gente acha que sabe comunicar. Estes são dois factos inegáveis. Infelizmente a maioria das pessoas não sabe de facto comunicar de forma eficiente ou fica frustrada com o resultado da comunicação.

Quando a comunicação é feita em pessoa as coisas são por vezes mais simples porque comunicar não se limita à s palavras. O tom de voz, os gestos, expressões faciais e postura ajudam a compreender sarcasmo, por exemplo, algo muito mais complicado numa carta.

Mas mesmo nessa situação a comunicação pode não ser considerada eficaz para o emissor. Isto depende obviamente da mensagem. As mensagens humanas comuns são geralmente de dois tipos: Troca de informação (pergunta, resposta) ou troca de opiniões. A primeira é relativamente pacà­fica e entendida desde que colocada nos termos apropriados e na linguagem correcta, algo que o individuo comum com mais de 3 anos costuma conseguir. A segunda é mais complicada porque saà­mos dos factos para factores influenciados pela personalidade e experiências de cada individuo.

As opiniões são mensagens que o emissor acha importantes mas que o receptor pode não achar. O receptor pode ter uma opinião diferente, pode receber apenas parte da mensagem (recepção selectiva) ou pode até concordar aparentemente porque interpretou a opinião de uma forma inteiramente distinta.

Quando as opiniões caem no campo de julgamento ou passagem de conselhos as coisas complicam-se. Como cada individuo tem experiências e formas de ver o mundo diferentes é praticamente impossível dar conselhos práticos. Era necessário conseguir compreender por inteiro o receptor, tentarmos pensar como ele, tentarmos sentir como ele e nesse ponto ter consciência das escolhas e qual seria a mais correcta. Como é obvio isso é impossivel pelo que dar conselhos ou resolver decidir por outra pessoa aquilo que é correcto para eles é inútil. Não que isso impeça a maioria dos humanos de tentar. Mas geralmente é uma mensagem inútil porque o receptor vai ouvir a mensagem e fazer uma de duas coisas: transformá-la mentalmente no que queria ouvir ou ignorá-la e fazer exactamente o que lhe apetece.

Não é que a troca de opiniões em si seja um acto inútil. Nós geralmente até achamos piada a saber a forma como as outras pessoas pensam. mas é mais uma maneira de compreender até que ponto somos iguais ou diferentes do que tentar perceber como o mundo em geral reage a certas situações para fazermos o mesmo. Isso só acontece com a moda (motivo para o meu próximo post).

As pessoas sentem-se mais próximas quando partilham as mesmas opiniões e afastam-se quando divergem. E geralmente é muito difà­cil conseguir convencer uma pessoa prestes a saltar de uma ponte que devia ir para casa dormir no assunto.

Raramente dou conselhos e quando o fiz foi apenas em situações em que a outra pessoa tinha uma questão dificil para resolver e queria uma segunda opinião para desempatar. Geralmente faço uma série de perguntas primeiro e tenho de conhecer a pessoa relativamente bem. E depois do conselho dado não penso mais nisso porque sei que não significou absolutamente nada e a pessoa vai fazer exactamente o que ia fazer de qualquer forma. Ou concorda com o que eu disse e dorme mais descansada porque sente que teve validação, ou de repente convence-se que o contrário é que está correcto e agora sente isso muito fortemente.

E como gosto de ilustrar os meus pensamentos de forma musical, deixo-os com o Paperbag. Algumas pessoas vão achar que esta música se aplica também a mim, ao que respondo, sim. Aplica-se a toda a gente. Se disser que estás errado/a mudo a tua opinião sobre o assunto? Claro que não. I rest my case.
PAPER BAG

She’s got a paper bag over her head
And I want to help but I can’t
People always do what they want
Nothing more nothing less
No matter what you say

The worst is gone so you go on but
the bad times will come round again
you just do what you do
Nothing more nothing less
No matter what you know

He may come through and surprise you
when all hope seems lost
But he’ll just be what he is
Nothing more nothing less
No matter what you do

I wake up to hammer and nails

Esta tarde estive a gravar versões preliminares de algumas músicas, só para ver como a voz encaixa,se é necessário acrescentar alguma coisa ao piano, repetir, cortar, etc. Tinha seis músicas nessas condições e agora já posso fazê-las avançar.

Mesmo assim não ficou como eu queria porque o programa que usei para gravar a voz não parece conseguir sincronizar a faixa que está a gravar com a que está a tocar. Vai ficando com um pequeno delay e estraga completamente o aspecto final da coisa. Suponho que possa ser por o meu computador já ser um bocado lento, mas não me lembro disto acontecer antes.

O pior foi gravar voz com os gajos a partir parede na casa do lado. Estão mesmo a destruir a casa toda. Ontem tinham a porta do hall aberta quando saà­ para ir ao correio e o chão do hall estava todo esburacado mas com ar de que ainda falta muito para acabar de partir. E como hoje começaram logo à s oito e meia parecem estar todos investidos em chatear ao máximo. Já passa das seis da tarde e ainda estão para ali a fazer barulho em vez de irem para casa. Ainda queria experimentar gravar mais uns takes e os gajos nunca mais.

Recebi hoje um email com uma história inacreditável de um amigo de quem já não ouvia falar há algum tempo. Seria uma das últimas pessoas que eu imaginava a contar uma situação destas, com polà­cia, bombeiros e amostras de DNA. Fiquei um bocado chocada e preocupada porque sinto que ele anda deprimido há bastante tempo e uma situação destas não deve ajudar nada. Há pessoas sem sorte nenhuma.