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Virus e sapatos

Na sexta feira à  hora de almoço ligaram da escola a dizer que a Joana estava com febre. É o segundo viruzito que apanha, no primeiro mês de escola, tal como previsto. O que vale é que as crianças, mesmo doentes, se aguentam bem. Andou a encostar-se mais, resmungava quando ficava com febre e, percebemos depois, porque tem outro dente a nascer, lá foi tomando uns benurons e depois ficava OK.

Entre sábado e domingo já passou 24 horas sem febre e o mesmo na segunda. Na terça ainda ficou em casa para ter a certeza que estava OK.

A única chatice com isto é que o Pedro tinha tirado esta semana de férias para descansar, especà­ficamente sem miúdos, e ter a Joana em casa lixou um bocado os planos. E como tivemos que andar a tratar do fecho da empresa pelo meio, pior ainda.

Ontem, quinta feira, foi o primeiro dia em que ambos os miúdos voltaram para a escola e o Pedro lá conseguiu ir gravar uns sons que estava a tentar acabar desde segunda enquanto eu arrumava a casa. De tarde, como veio a Augusta limpar o resto, levámos as gatas à s vacinas e depois de ir buscar os miúdos à  escola fomos comprar uns sapatos novos ao Tiago.

O Tiago, com quatro anos e meio, anda fascinado com os sapatos com luzes. Depois de lhe comprarmos 2 pares de Geox que ficaram desfeitos em 2 semanas (acho que ele anda no recreio de joelhos a arrastar com o peito dos pés no chão de tal forma que as tiras de velcro se desfizeram todas), iamos comprar uns mais baratinhos (porque sessenta e tal euros de duas em 2 semanas doi) mas fomos à  Skechers e ele lá viu outros cheios de luzes e nós, que somos uns bananas que mimam demais a criança, lá largámos os 55 euros em vez dos 25 por uns ténis mais simples noutro lado. Oh, well.

Aproveitei para explicar que agora tem de ter mais cuidado com aqueles porque só lhe volto a comprar sapatos novos com luzinhas daqui a um ano. Vamos ver quanto tempo duram. Pelo menos é um  modelo diferente, com uma parte plástica à  frente que pode ser que resista mais do que o tecido dos outros ao raspar no chão. Fingers crossed…

Hoje vai ser então o primeiro dia em que o Pedro está de férias e que não temos ninguém em casa nem nada marcado para ir fazer. Mal acredito! É incrà­vel pensar que durante anos fomos só nós os dois e agora passam-se meses até conseguir um único dia sozinha com o meu marido. Se não fossem os meus queridos sogros que ficam com os miúdos ao sábado de vez em quando, acho que nunca tinhamos uma conversa sem interrupções de crianças aos gritos durante anos.

Já em casa?

Pois é, ainda não acabou a terceira semana de creche e a Joana já ficou em casa com febre. Considerando que costuma acordar toda espevitada logo à s 7 da manhã, quando vimos que eram 8.30 e ela continuava a dormir ferrada achámos logo que se passava qualquer coisa. O Pedro tirou-lhe a temperatura e deu 37. Dei-lhe a papa mas ela comeu pouco e estava muito irritada. Fui vesti-la e tirei a temperatura novamente. Desta vez deu 38.4.

Passou a manhã com aquele olhar vidrado, sentada ao meu lado, até a febre começar a descer. Nessa altura lá começou a mexer-se e a brincar um bocado mas nota-se que está um bocadinho mais em baixo que o normal. Enfim, pode ser que passe durante o fim de semana e não seja nada que requeira antibiotico.

A Joana vai para a escola

Nos últimos dias de Setembro a Joana começou a ir para a creche. No primeiro dia ficou só uma hora, no segundo duas, no terceiro almoço e a partir de 1 de Setembro começou a ficar até à s quatro e meia.

Ao fim de uns dias começava logo a resmungar assim que entrava na escola mas quando a ia buscar estava bem e só choramingou quando me viu.

Ao fim de duas semanas parecia estar a adaptar-se bem e esta semana já consegui deixá-la mais um bocadinho. A educadora diz-me que ela já ri e dança, que come e dorme bem e hoje em vez de chorar quando entrou na sala disse olá, pelo que acho que não podia estar a correr melhor.

Os dias mais complicados são as segundas feiras porque, depois de dois dias em casa, não fica muito feliz quando tem de voltar. As mudanças que noto mais são o facto de já não adormecer sozinha e estar exausta quando chega a casa.

Antes da escola, quando a Joana começava a ficar com sono, eu levava-a para o quarto, punha musica a tocar, abanava-a ao colo um bocadinho, deitava-a na cama e podia sair que ela ficava bem e adormecia. Agora quer companhia até estar a dormir e mesmo quando adormece acorda várias vezes e chora até eu aparecer. Não quer necessariamente colo nem sair da cama, quer só companhia. Tenho-me sentado numa cadeira ao lado da cama e canto ou vou lendo em voz alta e ela acalma-se a lá acaba por adormecer outra vez.

A mudança maior é que por volta das seis e meia a Joana está a cair de sono. Dantes dormia uma sesta de manhã e outra à  tarde. Agora com a escola dorme só uma vez, depois do almoço, e quando chega a casa está exausta. Enquanto que antes ir para a cama à s nove da noite, agora tenho que lhe dar o jantar assim que chegamos a casa para a deitar por volta das sete e ela dorme até à  manhã seguinte – acorda ocasionamente mas mais para protestar ou porque quer companhia do que porque se quer levantar.

Com isto passei de estar com ela o dia inteiro para praticamente não a ver porque ela só quer é dormir quando está em casa. É uma mudança estranha. A única altura em que dá para brincar um bocadinho é no pequeno lanche que nos habituámos a fazer diariamente. Depois de ir buscar os miúdos à  escola sentamo-nos todos na relva um bocadinho para eles comerem umas bolachas e brincarem um bocado. O Tiago parece adorar estes momentos e a Joana gasta as últimas energias. Quando começa a ficar rabujenta, é hora de ir para casa.

Passo a passo

A 2 semanas dos 13 meses, a Joana começou finalmente a deixar-nos ajudá-la a andar. Até aqui punha-se de pé agarrada aos móveis, mas se lhe dava a mão para ela andar pela sala, atirava-se imediatamente para o chão e preferia gatinhar. Agora já aceita usar a nossa mão para dar algum equilibrio extra e já atravessou a sala de uma ponta à  outra só com esse apoio – com as pernas todas abertas e pés virados para fora, como convém 🙂 – Vamos ver se começa a andar sozinha antes de ir para a escola, em Setembro.

Também parece estar a aprender a falar muito mais facilmente do que o irmão. Para além do olá, que diz a toda a gente que encontra, diz ‘olha’ quando aponta para algo, diz nariz e repete sem grandes problemas muitas outras palavras (uva, por exemplo –  ou melhor, uba). São poucas as que usa espontaneamente mas vê-se que faz um esforço grande por repetir o que lhe dizemos e fica muito feliz quando consegue.

Estive recentemente a ler alguns posts sobre o Tiago nas mesmas fases e acho-os muito diferentes. A Joana é muito mais faladora e bem disposta, não faz birras para dormir e habituou-se mais facilmente a entreter-se sozinha – tenho de estar na mesma sala que ela, à  vista, mas não preciso de estar sempre a entretê-la. Acho isso optimos porque o Tiago demorou anos a aprender a brincar sozinho e com dois já não dá para ter aquele nà­vel de dedicação.

Acho porém que a Joana não fica tão focada num brinquedo como o Tiago ficava. Gosta mais de experimentar coisas novas do que de explorar completamente as possibilidades de um brinquedo como o irmão gostava. Também gosta de deitar abaixo as torres de copos e cubos. Por vezes já tenta empilhar ou encaixar formas mas fica frustrada muito rapidamente quando não consegue e desiste. O Tiago ficava frustrado mas era teimoso e insistia com aquilo até conseguir. A Joana vira as costas e vai à  procura de outra coisa mais interessante.

No que diz respeito à  alimentação, voltámos a introduzir o leite de vaca e parece que os vómitos acabaram. Estou convencida que ela deve continuar a ter alguma intolerancia alimentar ao leite mas agora traduz-se mais nuns cocós mais liquidos e amarelados do que em vómitos. Mas como não parece queixar-se de cólicas, vamos ver se é algo que acaba por normalizar ou se temos de fazer mais umas experiencias alimentares.

Com o fim da restrição do leite e o facto de ter completado um ano de vida, a Joana começou também a comer praticamente tudo o que nós comemos. Dantas era só um bifinho de perú ou frango grelhado, ou peixe cozido partido aos bocadinhos, para se habituar a comer sozinha, e agora já come lasagna e massa com cubos de fiambre, azeitonas e cogumelos, como o irmão. Adora lasagna. O resto acaba mais no chão do que na boca, mas a lasagna feita pelo pai vai toda 🙂

Continuo a fazer-lhe sopa, que já começa a ser difà­cil convencê-la a comer, e a dar-lhe puré de fruta porque ela cospe mais do que engole quando lhe dou fruta não triturada.

A Joana continua a dormir duas sestas por dia, geralmente das 10.30 à s 12.00 e depois das 15.00 à s 16.30. Isto não é certo, como é obvio, e há dias em que a sesta da tarde se atrasa e tenho de a ir acordar à  hora de ir buscar o Tiago à  escola. Ocasionalmente salta uma das sestas.

Joana, 1 ano

A Joana completa amanhã um ano de vida. Eu não tenho tido muito tempo para me sentar a escrever e já deixei passar uma série de detalhes que gostava de registar.

Nos últimos dois meses a evolução da Joana continuou dentro do que seria de esperar. Passou a querer comer sozinha e já lhe posso dar um prato com carne, peixe ou massa e ela come sozinha sem problemas. Mastiga bem e raramente se engasga. Ainda não usa os talheres e faz uma porcaria indescrità­vel, porque é tão divertido atirar a comida ao chão como por na boca, mas safa-se bem.

O desmame correu bem, já que ela está mais interessada em comida sólida do que leitinho. Também passou a aceitar beber água, algo que há uns meses atrás não ia sem grandes caretas, e começou a comer quantidades maiores. Acho que continua a ser mais fácil alimentar a Joana do que foi o Tiago. Desde que tenha o prato à  frente, uma colher ou um brinquedo para se distrair, não costuma reclamar muito e come bem.

Em termos de mobilidade, aprendeu a trepar – camas, sofás, etc – e a descer de costas, pondo primeiro os pés no chão, sem cair. Foi de um dia para o outro e aprendeu a subir e a descer na mesma altura. Acho que o Tiago aprendeu a subir mas depois queria atirar-se de cabeça e com ela isso não aconteceu. à‰  claro que este desenvolvimento torna a vigilancia ainda mais importante, assim como a necessidade de ter certas portas sempre fechadas. Ela tem uma velocidade tal a gatinhar e trepar que se me distrair já está em cima da cama no tempo que eu demoro a levar um prato da sala para a cozinha. Lá porque percebeu como se desce não quer dizer que não possa cair ocasionalmente se eu não estiver lá para ver. E por mais que se fale em vigilancia, não é possível estar a olhar para eles 24 horas por dia e a prevenção é mesmo o mais importante.

A Joana ainda não anda sozinha mas já fica imenso tempo em pé, só com as costas encostadas ao sofá para ajudar o equilibrio, sem ter de se segurar com as mãos, pelo que já não deve faltar muito para os primeiros passos.

Já escolheu o seu bonequinho de dormir – uma daquelas mantinhas com a cabeça de um coelho – e não aceita substituições. O problema é que ela chucha no boneco (nunca se habituou a usas chuchas) e aquilo fica a cheirar mal em pouco tempo e tem de estar a ser constantemente lavado. Tenho e comprar mais 2 ou 3 para ir trocando mas não consigo encontrar aquilo à  venda cá.

O desenvolvimento da linguagem continua mais ou menos na mesma. A Joana diz olá a toda a gente e acena com as mãos, repete alguns sons e nota-se que alguns deles são claramente tentativas de dizer certas palavras mas por enquanto não passa disso. Está é a comunicar mais por gestos, apontando para o que lhe interessa e mostrando-se interessada quando lhe digo o nome das coisas.

A Joana continua a ser muito bem disposta mas passou por uma fase em que só queria a mamã – ao ponto de nem o colo do pai ser muito bem aceite. Felizmente acho que já passou um bocado. No entanto desenvolveu umas fúrias súbitas quando não tem aquilo que quer. Berra e bate no chão com toda a raiva não deixando dúvidas sobre o protesto. Felizmente passa depressa, pelo menos por enquanto. Daqui a um ano é que vai ser bonito…

Entretanto, e depois de um inicio lento, a Joana já tem os 4 dentes da frente. Só falta saber se o problema com o leite de vaca se mantém, mas pelo menos já confirmei que não tem qualquer reação à  soja, que é sempre uma boa alternativa nestes casos.

Daqui a mês e meio vai para a escola mas penso que vai ser mais fácil do que foi com o Tiago. Primeiro porque ela já vai à  escola todos os dias buscar o irmão, portanto é já um espaço familiar, e até já encontrou a sua futura educadora algumas vezes. E depois porque tem uma personalidade muito mais sociável do que o irmão e cresceu logo com outra criança em casa, o que faz muita diferença.

Joana, 10 meses

É incrà­vel aquilo que a Joana evoluiu em pouco mais de um mês. Aprendeu a por-se em pé sozinha e a andar agarrada aos moveis, a voltar a descer, a gatinhar de joelhos, a deitar-se e voltar a sentar-se com uma grande calma e sem cair, começou a beber pelo copo e fica com um ar muito orgulhoso quando o faz, farta-se de palrar, já com grandes mudanças de entoação, diz mamã ou olá quando me vê e é muito persistente quando quer qualquer coisa. Se os objectos não fazem o que ela quer já dá sinais de frustração e atira com as coisas ou ‘ralha’ com elas, com um ar muito sério.

Também já percebe a palavra não e compreende que há coisas que não deve fazer. Se lhe digo para não mexer em algo, da proxima vez aproxima-se e olha para mim antes de mexer para ver a minha reacção. É claro que depois mexe na mesma, mas isso é porque gosta de provocar, algo que só vai piorar até ter 3 anos pelo menos. Pode ser uma miúda simpática mas ja deu para perceber que isso não quer dizer que seja dócil.

Começámos a brincar com os cubos e as argolas e a Joana adora deitar as torres de cubos ao chão, especialmente se eu fizer efeitos sonoros, e tira as argolas do poste uma a uma. Ainda é muito cedo para tentar construir mas já é uma especialista na parte da destruição 🙂

Gosta muito de livros, especialmente de os comer, mas também de folhear e olhar para os bonecos. Eu digo o nome das ilustrações e ela olha atentamente para os meus lábios a formar as palavras e por vezes tenta imitar o som. Fica muito feliz quando a encorajo e bato palmas quando consegue fazer algo, portanto também já percebe perfeitamente que certas brincadeiras têm um objectivo.

Continua muito bem disposta e meiguinha e ainda hoje esteve um minuto ou dois simplesmente encostada ao meu ombro antes de voltar à  brincadeira – e a mamã fica toda derretida e perdoa-lhe as vezes em que leva com um carro de brincar em cheio na cara 🙂

No inà­cio de Maio fomos com a Joana à  alergologista, fazer as picadas para perceber se a sua intolerancia ao leite de vaca é muito grave ou não. O resultado foi inconclusivo. A maior reacção foi à  clara de ovo e mesmo assim não foi nada de espetacular – muito abaixo da bolha de controlo. Temos então de decidir se vamos fazer análises de sangue ou se esperamos para ver. O mais provável é ser apenas uma intolerancia alimentar e não uma verdadeira alergia, o que quer dizer que é provavel que passe por vola dos 3 anos, quando o sistema digestivo tiver mais maturidade. A questão é o que fazer até lá em termos de alimentação.

Finalmente um dente

Aos nove meses nasceu finalmente o primeiro dente da Joana. Os do irmão apareceram logo aos seis meses por isso já andavamos à  espera há algum tempo. Ela queixava-se, mordia tudo, as gengivas estavam inchadas mas nada saia dali até agora.

É interessante o facto deste dentinho coincidir com o desmame da Joana, que na última semana começou a recusar-se a mamar. Já faz 4 refeições à  colher (papa de manhã, sopa com peixe e fruta ao almoço, papa à  tarde e sopa com carne e fruta ao jantar) e começou finalmente a beber água sem fazer caretas. A partir daà­ acabou-se a mama. Nem antes de dormir nem nada. A única altura em que consigo ainda dar-lhe de mamar é se ela acordar a meio da noite – o que é raro – ou logo de manhã em vez de papa. Nessa altura está com tanta fome que não diz que não. Mas isso parece-me estar a voltar atrás já que a ideia é ela habituar-se a comida sólida.

Comecei então a fazer planos para acabar de vez com a amamentação. Inicialmente tinha planeado fazer um ano, como fiz com o Tiago, porque ela sempre vai recebendo algumas defesas pelo leite – tirando a varicela, não teve mais do que uma constipaçãozita até agora, apesar dos diversos virus e bactérias que o mano tem trazido para casa regularmente – mas temos de aproveitar os sinais da criança.

Rant doméstica

Como chegou o aviso para pagar a inscrição da escola do Tiago para o próximo ano, fui saber se dava para inscrever a Joana também. Descobri que a creche está cheia e vai ser muito complicado arranjar lugar para ela.

Como meter ou não a Joana na escola está directamente relacionado com o meu tempo livre e possibilidade de fazer mais alguma coisa na vida para além de babysitting não remunerado, estive a avaliar a minha situação – design, bijutaria, contas da nitro, etc – e cheguei à  conclusão que todo o esforço que andei a fazer nos últimos anos para manter a empresa a funcionar, conseguir pagar os impostos, segurança social, uns troquinhos de salário, alojamento dos sites, etc, foi todo por água abaixo neste último ano.

Tenho andado num stress tremendo a enfrentar a situação de ter de deixar a minha bebé sozinha na creche daqui a pouco tempo, depois de andar a tratar dela praticamente 24 horas por dia durante um ano, mas também porque sinto que no primeiro dia em que ela ficar na escola eu tenho imediatamente que ter um emprego que pague tudo isso.

Comecei a pensar seriamente na hipotese de fechar a empresa. Tenho-a mantido aberta porque sempre vou descontando para a segurança social todos os meses, contando assim como tempo para a reforma, continuo a poder passar facturas do trabalho de design e também das vendas de bijutaria. Grande parte do dinheiro vai para impostos – PEC e IVA – mas já tinha um sistema que me permitia ir mantendo a coisa a flutuar, apesar de saber que nunca iria enriquecer assim. A opção seria recibos verdes mas o valor da segurança social é tão alto para depois não contar para nada em termos de tempo de serviço que não compensa.

Aliás, os pagamento obrigatórios tanto para micro-empresas como para recibos verdes – ou seja, aquelas pessoas que estão a tentar criar o seu próprio posto de trabalho e que deviam ser incentivadas em vez de castigadas – são absurdos. Como fiscalizar os grandes dá trabalho e demora tempo, toca a penalizar aqueles que não têm grande coisa mas estão a tentar sobreviver sem ter de pedir nada a ninguém. É a maior reforma que o estado precisava de fazer – aprender a fiscalizar em vez de passar o tempo a aumentar os impostos à  classe média que paga sempre e cada vez tem menos.

Desde o verão passado, com as obras, mudança e nascimento da Joana deixei de ter tempo para actualizar a loja, fazer peças novas, tirar fotos, etc e o negócio da bijutaria estagnou. Continuo cheia de ideias e materiais mas pouco tempo. As únicas coisas que tenho feito ocasionalmente são encomendas personalizadas.

Sinto que com mais tempo e persistencia consigo voltar pelo menos ao ponto onde estava mas a dúvida é se tenho esse tempo antes de se acabar o dinheiro. Já me sinto culpada por deixar a Joana sozinha durante o tempo necessário para por a loiça na máquina, quanto mais se me ponho efectivamente a tentar trabalhar enquanto ela anda pelo chão a meter na boca tudo o o que encontra.

Outro problema é que ando cheia de sentimentos de culpa porque sinto que devia conseguir fazer tudo ao mesmo tempo e que estou a falhar. Afinal não é isso que as mulheres modernas é suposto fazerem? Quando andava na faculdade nunca me ocorreu que alguma vez fosse ficar em casa a tomar conta de crianças – aliás, até aos 30 anos defendia insistentemente que não queria ter filhos, quanto mais ser responsável por eles a tempo inteiro. E por muito que adore os meus filhos admito que só os tive porque comecei a pensar que mais tarde poderia arrepender-me se não os tivesse e seria tarde de mais. Antes arrepender-me por fazer algo do que por não o fazer.

Agora que sou uma dona de casa glorificada, sinto por vezes algum preconceito por parte das mulheres que vão todos os dias para o seu emprego e que ocasionalmente largam comentários do tipo ‘até porque ela está em casa todos os dias, não é como se tivesse que ir trabalhar’. Eu sei que essas mulheres ainda têm todas as tarefas domésticas à  sua espera quando chegam a casa ao fim do dia de trabalho mas sinto-me um bocado ofendida pela implicação que estar em casa consiste em passar os dias a limar as unhas e ver telenovelas e tenho muitas vezes a necessidade de me justificar e explicar o que raio é que faço o dia todo para estar tão ocupada, o que é absurdo e irracional.

Por causa desse sentimento de culpa ontem até andei a ver anuncios de emprego e fiquei espantada com o que encontrei. Os vencimentos oferecidos andam todos à  volta de 500 a 600 euros, 250 para part time (uma das opções que considerei). Quem é que sobrevive assim? Comecei a pensar que faço mais dinheiro ficando em casa a fazer brincos do que a ter que ir todos os dias gastar dinheiro em almoços e transportes para ganhar uma ninharia que nem paga a creche da miúda. Ouch!

É que uma das vantagens de estar em casa é que não gasto dinheiro quase nenhum. Só vou ao cabeleireiro uma a duas vezes por ano, Fui recentemente comprar roupa mas não o fazia desde que precisei de roupa de grávida, a comida é comprada no supermercado e cozinhada em casa por isso também não custa muito e já poupei 1500 euros em creche (and counting). Ou seja, financeiramente, não é uma escolha tão absurda como possa parecer à  primeira vista.

Optei por ficar em casa pelo menos um ano com cada um dos meus filhos porque achei que era bom para eles estarem com a mãe. Sei que isso só foi possível porque o Pedro se mata a trabalhar e porque temos imensa ajuda da famà­lia. Sei que para a maior parte das mães é uma necessidade por as crianças na creche logo ao fim de 4 meses e é pena que no nosso paà­s assim seja. Eu tive essa opção porque já estava em casa de qualquer forma e achei que iria conseguir continuar a fazer qualquer coisa, pelo menos enquanto eles dormiam sestas. Fui um bocado estúpida por pensar assim mas não posso dizer que me arrependa inteiramente porque eles crescem num instante e deixam de precisar de nós da mesma forma.

O Tiago foi para a escola aos 18 meses porque era muito tà­mido, estava demasiado isolado e não interagia bem com os outros. Na altura achámos que a escola lhe ia fazer bem e de facto fez, apesar dessa tendência para se isolar se ter mantido – tem um grande amigo e ignora todos os outros miúdos.

A Joana parece-me mais sociável e tem o irmão com quem brincar em casa mas mesmo assim será importante a certa altura começar a lidar com crianças da mesma idade. Pode não ser este ano mas quanto mais tempo esperamos mais complicada será a adaptação.

E eu vou ter de respirar fundo, fazer uma lista e começar a lidar com uma coisa de cada vez.

Rastejando para a liberdade

A Joana começou a rastejar. Ainda não se apoia nos joelhos mas tem uma força brutal nos braços e consegue ir de uma ponta à  outra da sala em poucos segundos.

Esta foi uma evolução recente que se seguiu a um maior à -vontade a rebolar. Como já não está tanto frio começámos a por a Joana directamente no chão, em vez de ser sempre em cima de uma mantinha, e ela parece ter levado isso como uma abertura do espaço que tinha disponà­vel para se movimentar. Infelizmente quando lhe noto um boost de velocidade é porque encontrou um cabo eléctrico, um sapato que quer por na boca ou outro objecto igualmente perigoso. Entrou definitivamente na idade em que não se pode desviar o olhar por um segundo.

Felizmente readquirimos o parque que tinhamos comprado para o Tiago, o que nos dá alguma garantia de segurança quando é preciso sair da sala por momentos. Ela não gosta muito mas não tem uma aversão tão grande como o Tiago tinha e hoje até adormeceu lá dentro.

Joana, 8 meses

Custa a acreditar mas já passaram 8 meses desde que a Joana nasceu.

Na terça fomos fazer a vacina que saltámos o mês passado por causa da varicela. Agora está despachada até aos 15 meses. Aproveitámos também para a pesar. Pensei que a Joana ia ser mais gorducha do que o Tiago mas parece estar a ir pelo mesmo caminho. Começou no percentil 50, aos 6 meses desceu para o 25 e agora está ainda mais abaixo, com 7,250kg. Não é magrinha mas, tal como o irmão, aquilo que come vai mais para a altura do que para o peso. Se eu for comparar a quantidade que ela come com o que é sugerido para a idade, poderia ficar preocupada – a papa para a idade dela diz 240ml de leite e eu faço com 90 a 120 e nem sempre come tudo – mas ela come bem e quando não quer mais acho que não vale a pena insistir, até porque se ficasse com fome eu dava por isso. Aprendi com o Tiago que não vale a pena preocupar-me com medidas e quantidades. É mais importante aprender a ler os sinais que os nossos bebés nos dão e ir ajustando as quantidades de acordo com o que eles mostram precisar. Também me parece que os fabricantes das papas dizem aquilo sabendo que metade vai para o lixo. Assim vendem mais 🙂

As maiores novidades são o facto da Joana já responder ao nome e ter começado a ‘dançar’ (leia-se abanar-se energeticamente quando ouve música). Também começou a imitar sons, tanto verbalmente como a bater com as mãos. Por exemplo, se eu bato duas vezes com a colher na tigela ela imita batendo com as mãos na mesa. Já diz o mamama, dada e olá tà­picos desta idade.

Ainda não gatinha, nem sequer se apoia nos joelhos como o Tiago já fazia com esta idade, mas arrasta-se de costas e depois vira-se de barriga para baixo, tendo assim um método de locomoção menos usual mas bastante eficaz para chegar ao que quer. Mas aquilo que ela gosta mesmo é estar de pé. O meu irmão emprestou-nos um daqueles baloiços que se penduram na porta e ela dá grandes saltos naquilo, fazendo impulso com os pés. Acho que se sente toda crescida com os pés no chão 🙂

No último mês a Joana começou a demonstrar força de vontade e resmunga quando não consegue deitar a mão a algo que lhe interessa. Também começou a chorar cada vez que eu tenho de sair do seu campo de visão, mesmo que só por uns segundos e mesmo que continue a ouvir a minha voz, algo que era suficiente para a acalmar até aqui. Ontem até começava a chorar só de eu me virar de costas para ela.

Adora agarrar o pelo dos gatos com toda a força e os nossos gatos são tão parvinhos que se queixam mas não se vão embora. à€s vezes até tenho pena deles 🙂

Continua a dormir bastante e até tem um horário bastante regular para as sestas. Acorda por volta das 7.30, come, brinca, arranca os cabelos à  mãe e depois quer ir dormir a sesta por volta das 10. Depois acorda entre as 11.30 e as 12.00, almoça, brinca, arranha a cara da mãe com um grande sorriso (torturar a mãe é o desporto favorito dos bebés nesta idade) e depois vai dormir a sesta entre as 14.00 e as 15.00. Depois acorda, lancha e ainda vamos a tempo de ir buscar o Tiago à  escola.

Entrou definitivamente na fase de reconhecer quem toma conta dela e quem não conhece e até sorri à s pessoas estranhas mas se ficam muito tempo a falar com ela ou lhe tentam pegar desata logo a berrar. Se estiver muita gente à  volta pior ainda.

Adora o irmão e ri-se de tudo o que ele faz, mesmo quando se assusta com os seus gritos (o Tiago parece ter o controlo de volume avariado ultimamente. Está sempre em volume máximo)

Joana, 7 meses

Os 7 meses da Joana começaram com varicela. A minha sogra tinha dito que era raro apanharem tão cedo porque os bebés desta idade ainda têm as defesas da mãe mas a Joana não se safou. No caso dela a coisa desenvolveu-se mais devagar e com algumas bolhas bastante maiores que as do Tiago mas no geral nem foram muitas e tirando uns dois dias em que ela andou mais rabujenta, acho que a miúda superou a doença com a sua habitual boa disposição. Pelo menos ficam os dois despachados desta.

A chatice maior é para mim que vou na terceira semana fechada em casa. OK, saà­mos em ambos os sábados para ir a almoços de famà­lia, mas fora isso estou de castigo e não posso ir fazer nada das coisas que preciso. A minha mãe e os meus sogros têm sido uma ajuda preciosa ao ir buscar o Tiago à  escola porque não posso ir com a Joana ao infantário. Não só ela está contagiosa para os outros como pode apanhar uma infecção por ter o sistema imunitário em baixo, o que aos 7 meses podia ser grave.

A alimentação da Joana tem-se tornado progressivamente mais fácil e até agora não teve mais nenhuma reacção adversa aos alimentos. Já lhe começámos a dar papa com gluten sem problemas, e diversos vegetais.

Como comecei a ter alguns dias em que não conseguia tirar leite para lhe fazer papa – como ela começou a saltar mamadas a produção desceu – resolvi tentar o leite hidrolisado. Fiz hoje a primeira papa, da qual era comeu apenas umas colheradas, porque aquilo tem um sabor diferente do costume (e porque a certa altura tive de sair da cozinha e quando voltei uma das gatas tinha o focinho enfiado no prato e teve que ir o resto para o lixo), mas não vomitou. Tenho de experimentar mais 3 dias para confirmar se é seguro mas em princà­pio não deve haver problema.

Preciso de a pesar para ver se está a ganhar o peso que devia com as alterações à  dieta. Iamos fazer isso esta semana, quando a fossemos vacinar mas com a varicela tem de ser tudo adiado pelo menos mais uma semana. Mas ela continua gorducha por isso não estou preocupada.

Em termos de desenvolvimento, a Joana já se aguenta imenso tempo sentada sem apoio, apesar de ainda cair para os lados ocasionalmente quando se estica para agarrar algo que esteja mais longe. Põe tudo na boca, como é natural, e já se consegue deslocar grandes distancias no chão ou na cama, seja arrastando-se de costas, seja virando-se, algo que também já faz com facilidade (apesar de ainda ficar com um ar espantado quando consegue, como se não estivesse à  espera). Ainda não a vi rebolar a sério mas não falta muito e a mobilidade já é suficiente para ser já demasiado perigoso deixá-la em cima da minha cama, mesmo rodeada de almofadas.

O Tiago com esta idade já se apoiava nos joelhos e a Joana ainda não chegou lá. Já passa imenso tempo de barriga para baixo mas não faz qualquer tentativa de se levantar. Por outro lado aguenta-se imenso tempo a fazer apoio com os pés por isso até pode ser que salte a fase de gatinhar.

Semana interminável

Depois de uma semana em full time com os dois miúdos, não consigo evitar pensar que se calhar não fui mesmo feita para ser mãezinha. Não fiz mais do que muitas mulheres fazem desde sempre e estou absolutamente exausta.

E nem me posso queixar muito porque o bebé, que é quem devia dar mais trabalho, aproveitou esta semana para se começar a portar bem e passou a dormir a noite toda e a comer sem dar luta. Deve ter percebido que a mãe estava a dar em louca com o irmão que, mesmo com varicela, não pára um minuto. Como vê a irmã ao colo também quer colo, como me vê dar-lhe de comer também quer que eu lhe dê a comidinha à  boca, passa os dias a correr pela casa a gritar, faz grandes birras por pura teimosia ou  porque adormeceu e quando acordou já era de noite e não queria noite, ou algo do estilo, impossível de resolver.

Passo o tempo a chamar a atenção para tudo isto, a ter de ralhar e por vezes zangar-me a sério sem grande efeito. No momento até liga e acalma mas passados uns minutos volta tudo ao mesmo.

Ontem dei-lhe banho de manhã, porque na noite anterior foi impossível graças a uma dessas birras monumentais. O Pedro filmou tudo. É bom ter munição para quando ele for adolescente.  Aproveitei também para lhe cortar o cabelo que já estava a chegar aos olhos e até se portou bem nessa parte.

A Joana, felizmente, continua a ser uma menina muito calma e bem disposta e o Tiago farta-se de fazer show para ela se rir. Não é um miúdo muito meigo – nada de beijinhos ou abracinhos e faz queixinhas se ela lhe toca, mesmo acidentalmente – mas gosta de ter público para as suas palhaçadas e ela segue tudo o que ele faz e adora.

Esta manhã aproveitei a sesta da irmã para tentar por o Tiago a fazer o trabalho da escola. Os meninos trocaram um livro uns com os outros e agora têm de ler o livro que trouxeram e fazer um trabalho de apresentação sobre o que leram. Parece-me algo super complexo para 3 anos e quem acaba por ter de fazer os trabalhos são os pais, como é obvio. Ainda por cima o livro do Tiago é só matemática – é sobre uma famà­lia que vai trocando uns animais por outros – 1 vaca por 2 ovelhas, as ovelhas por 4 porcos, etc.

Tentei arranjar uma forma de apresentar aquilo que ainda tivesse alguma colaboração do Tiago mas que fosse o mais simples possível. Arranjei uma cartolina e fui escrevendo o número e nome dos animais e o Tiago fez um animal de cada em plasticina – com moldes, claro – para colar ao lado. Os últimos já eram complicados e não tinha nenhum molde de avestruz, por exemplo, por isso andei a desenhar os animais e ele pintou com o pincel. Foi tudo um esforço enorme para ele se concentrar no que até era uma tarefa simples porque ele só queria era fazer casaquinhos de plasticina para os seus robots e estava-se nas tintas para os animais.

No final era tinta por todo o lado, plasticina pelo chão e o Tiago ainda encontrou um carimbo que lhe deram na escola (uma mãzinha achou que aquilo era uma boa ideia de prendinha para os outros meninos quando o seu fez anos) e andou a carimbar as mãos, cara, etc. Veio ter comigo a dizer ‘mamã!’ e com o seu sorriso mais sacana mas não dizia mais nada. Depois mostrou-me as mãos….