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Obras no telhado

Em breve deverá começar a obra de substituição do telhado no nosso prédio. Não só somos os inquilinos do último andar com também calhou sermos os administradores este ano, o que faz com que nos últimos meses tenha andado bastante ocupada.

Esta semana começaram as minhas férias mas ando a escolher tralha para deitar fora, porque temos a casa cheia de coisas inúteis (principalmente uma grande coleção de brinquedos a que os filhos já não ligam há muito tempo e que temos “doado” à população de Almada), e também ando a estudar para fazer um exame de inglês no final da próxima semana. Em cima disso, se tudo correr de acordo com o previsto, Agosto vai ser passado ao som de marteladas.

Espero que a obra comece rapidamente e que resolva os problemas de infiltrações porque todos os invernos só apetece é mudar de casa.

Com tudo isto, o projecto de me dedicar às aguarelas este verão tem estado suspenso, à espera de mais calma e disponibilidade.

Curso de aguarela

No final do ano passado descobri uma artista de aguarela botânica com um estilo realista que gosto muito. Chama-se Billy Showell e tem alguns livros de pintura publicados, assim como aulas em video no seu website. Comecei a fazer os seus tutorials de iniciação para aprender técnica e alguns truques e aprendi bastante, mesmo só com os videos grátis que ela tem disponàveis, por isso fiquei interessada em aceder ao resto do conteúdo.

No natal, o Pedro ofereceu-me um ano de subscrição no curso e tenho estado a praticar desde então. Ainda só estou a fazer os projectos para principiantes mas noto uma diferença enorme em relação às pinturas que fiz antes de começar.

Basta comparar a magnólia que pintei o ano passado (à esquerda) com a que pintei recentemente, seguindo o tutorial da Billy Showell (à direita):

A nàvel de pormenor é uma melhoria clara. Continuo a precisar de trabalhar muitas áreas mas estou muito feliz com a evolução.

Isto tudo para dizer que recomendo o curso para quem compreende bem o inglês e está interessado em aprender ou melhorar a pintura em aguarela.

A nàvel de materiais, segui as recomendações da Billy e tenho estado a usar o papel Fabriano Hot Press (ela prefere o verso das folhas mas não noto grande diferença). Tinha começado com o Arches Cold Press mas a textura não ajuda quando estamos a fazer uma pintura muito detalhada e linhas precisas. Ainda tentei o Arches Hot Press mas também não obtive grandes resultados. Senti muita dificuldade em fazer os contornos direitos e limpos.

O Fabriano HP (tem de ser a nova versão que diz “enhanced quality” porque o anterior estava a dar problemas) aguenta tudo o que atiramos para cima. Deixa esfregar com o pincel “erradicator” para retirar tinta em certas zonas sem danificar a superfàcie (algo que o Arches não aguenta) e não tem ficado particularmente ondulado – também se ficar, molha-se o lado oposto, coloca-se debaixo de um livro pesado e vai tudo ao sítio.

Comprei também os pincéis da Billy Showell, que ela desenvolveu especificamente para as técnicas que utiliza. Devo dizer que não pensei que fizessem grande diferença mas estava enganada. Para pintura de detalhe são essenciais. São mais compridos do que quaisquer outros que eu tenha encontrado e a ponta é mesmo muito fininha o que dá um controlo tremendo nas linhas, contornos e aplicação de textura. Valem mesmo o dinheiro. Tive de encomendar de Inglaterra e estava com medo que ficassem retidos na alfândega décadas, como aconteceu com as últimas compras que fiz de lá, mesmo na altura do Brexit, mas descobri que há uma regra que permite aos vendedores cobrarem logo o IVA na compra, facilitando a passagem na fronteira. Chegaram uma semana depois da encomenda, sem problemas.

Nas fotos abaixo podem ver a embalagem com os 4 pincéis redondos e à direita a comparação entre o pincel da Billy (no meio) com um Raphael (à direita) e um de caligrafia japonesa (à esquerda) que eram os mais compridos e afiados que tinha conseguido encontrar até aqui.

Por fim deixo algumas imagens das pinturas que tenho feito este ano. Vou continuar a treinar e estou a ganhar coragem para passar ao nàvel seguinte.

Como fazer um pendente em wire wrapping

Tenho tido diversos pedidos de conteúdo em português, nomeadamente instruções sobre como trabalhar em wire wrapping.

Já tinha prometido fazer uns và­deos sobre o assunto e consegui finalmente completar o primeiro.

Começo por falar dos materiais e ferramentas, dar alternativas para quando não se encontra exactamente o que se precisa e depois mostro como se faz um pendente.

Fiz os possà­veis para manter tudo em foco e em frente da câmara mas não é fácil trabalhar em coisas minuciosas com um telefone à  frente. Da próxima vez vou tentar uma iluminação melhor também. Isto dos videos não é bem a minha área mas estou a aprender.

Utilizei fio de cobre e um cabochon rectangular mas a técnica pode ser adaptada a qualquer tipo de pedra, assim que se compreendem os princà­pios da coisa – o importante é que fique tudo bem preso, independentemente da forma.

Espero que este video seja útil e se quiserem partilhar as peças que fizeram a partir das instruções, adorava vê-las.

Adeus House

O House era um gato preto que apanhei na rua em 2007, quando estava grávida do Tiago.

O gato estava todo aflito no meio da rua, sem conseguir andar, mas não deixava ninguém aproximar. Como havia mais pessoas de volta do gato, fui a casa a correr buscar umas luvas e uma caixa de transporte e consegui capturá-lo e levá-lo à  veterinária.

Depois de RX e análises, concluiu-se que tinha cerca de dois anos e tinha apanhado uma pancada ou sofrido uma queda que resultou numa fractura da bacia, mas não havia grande coisa a fazer a não ser deixá-lo imobilizado numa caixa durante umas semanas e dar-lhe medicação para as dores. Assim se fez.

Com o tempo voltou a andar, apesar de ficar sempre um bocado coxo, daà­ o nome (referencia ao Dr. House interpretado por Hugh Laurie).

Nunca foi gato de colo e não deixava ninguém aproximar, mas também não era agressivo a menos que o tentássemos agarrar. Era sem dúvida um gato traumatizado mas adaptou-se facilmente a viver em casa e era muito meiguinho comigo.

Há uns meses reparei que tinha uma ferida ao lado da boca. Pensei que tivesse sido ele a coçar-se (como não se deixava agarrar sem dentadas, desisti de tentar cortar-lhe as unhas).

Levei-o ao veterinário e tive a má notà­cia de que aquilo parecia ser um tumor. Combinámos fazer cirurgia mas fui logo avisada que havia pouco que se pudesse fazer.

No dia da cirurgia o Dr. Pedro resolveu fazer umas análises pelo facto do gato já ter 15 anos, para não haver mais surpresas. Concluà­u-se que os rins já estavam quase a falhar e por isso a anestesia era muito perigosa. Ou seja, a cirurgia era capaz de o matar mais depressa do que o tumor.

Ficámos então assim. O House continuou a sua vida normal. Sabia que não ia durar muito mas não parecia ter dores, continuava a comer e a procurar companhia, até ao final desta semana.

Ontem à  noite pareceu-nos que ele estava a ver mal. Hoje ouvi uma coisa a cair e quando fui ver o que era dei com ele enrolado no fim de uma das colunas de som da sala. Estava com dificuldade em mexer-se e a única coisa que conseguia fazer era dar voltas sobre si mesmo, enrolando-se ainda mais. Lá consegui soltá-lo, levando vários arranhões daquelas unhas afiadas e percebi que ele não estava nada bem. Tinha uma pupila dilatada e outra contraà­da e não conseguia mexer um lado do corpo. Tinha todos os sinais de um AVC ou algo semelhante.

Levei-o ao hospital veterinário mas não havia nada a fazer. O tumor tinha crescido e estava a afectar o cérebro. Ele só se queixava e não tinha coordenação, não se punha em pé. Enfim. Fiquei com ele até ao fim e vou ter muitas saudades mas pelo menos fico feliz pelo sofrimento ter sido de pouco duração.

Adeus gato lindo. Gostei muito da tua companhia durante todos estes anos.

Aprender aguarela

Tenho precisado de me distrair com alguma coisa e para mim a melhor distração é aprender uma técnica nova. Comecei com a ideia de gastar os acrà­licos que tenho cá em casa mas acabei por descobrir que é muito divertido pintar com aguarela.

Nunca tinha trabalhado muito com aguarela e a minha experiência com gouache não foi das melhores. Ficava sempre tudo manchado e parecia-me muito difà­cil de controlar. Parte disso é mesmo tà­pico do material mas a outra parte é técnica que se aprende.

Depois de alguma experiência já consigo controlar melhor a questão da mancha na aguarela, e a mistura das cores, e gosto do facto de ser possível corrigir erros ou detalhes, mesmo depois da aguarela secar. É possível não só continuar a trabalhar por camadas, tanto a seco como molhado, mas também retirar excesso de pigmento de zonas onde está a mais ou queremos criar uma sensação de maior luminosidade e uma simples folha de papel de cozinha, para absorver o excesso de água ou tinta que correu para uma zona que não queremos, é uma ferramenta tão importante como os pincéis.

Também comecei a conseguir controlar melhor as linhas finas com o pincel. Aqui, sem dúvida, o tipo de pincel que se usa é muito importante mas também é preciso treinar a estabilidade da mão.

Podia fazer batota e desenhar as linhas finas com caneta ou aparo mas resolvi aprender a fazê-lo com o pincel e aguarela, mesmo só por teimosia 🙂

Descobri os tutorials da Inglesa Kathryn Coyle (Little Red Boots) há uns meses e mais com a intenção de entreter a Joana. Ao fim de pintar dois pássaros a minha filha perdeu o interesse e eu é que tenho continuado a fazer as pinturas segundo as suas lições.

 

Acabei por ir comprar aguarelas mais a sério (estava a usar um conjunto para crianças da Giotto, que não é mau mas não tem o pigmento muito concentrado e é mais difà­cil fazer zonas de sombra) e as minhas tentativas nunca ficam fenomenais e têm imensas falhas mas são sempre divertidas e, melhor que isso, permitem-me desligar o cérebro durante uma hora.
Também fiz algumas tentativas de pintura sem instrutor, usando fotos como referência para o desenho.

 

Achei alguma piada a pintar os meus gatos mas o resultado tem pouca tridimensionalidade, que ainda preciso de trabalhar muito. Tenho de tentar de novo com as novas aguarelas a ver se já consigo fazer melhor.

É bom sentir novamente o desafio de aprender algo novo. Acho que preciso disso regularmente.

Urgência

No último mês foi necessário enfrentar uma situação familiar que não deixa ninguém calmo.

A minha mãe ficou gravemente doente e está internada há uma semana. Este internamento veio uns dias depois do diagnóstico, numa fase em que os sintomas eram já bastante graves.

Antes de ir à urgência, a minha mãe quis ir passar uns dias no Alentejo em famà­lia, aproveitando o facto do meu irmão estar em Portugal. Pode parecer estranho adiar o internamento e nós também fizemos alguma pressão para ela ir ao hospital mais cedo, mas compreendemos e aceitámos a decisão. Ela sabia que quando fosse ao hospital era para ficar e o que vem a seguir não é agradável. Queria uns dias de normalidade para se preparar mentalmente para o sofrimento que se segue.

Ontem fui visitá-la depois da cirurgia que, àsegunda tentativa, correu bem, mas ainda falta um longo caminho pela frente com mais cirurgias e tratamentos.

As visitas nesta altura são muito estranhas. Ela tem de vir à porta e fica do lado de dentro e nós do lado de fora. Com as máscaras e o barulho das ambulâncias a passar atrás de nós, mal se ouve o que dizemos. Mas pronto, é o que se pode fazer neste momento.

Estamos a passar um dia de cada vez e com esperança do melhor resultado possível, enquanto ela lá está no hospital, bem tratada mas naquele ambiente de barulho constante, exames e análises frequentes (a do covid para além das outras que necessita) e pouco descanso.

Que raio de verão que vamos todos ter este ano.

Ansiedade

Há mais de dois anos escrevi um post sobre como vivo com ansiedade constante. Não o tipo de ansiedade normal que ocorre quando acontece algo inesperado e que toda a gente tem mas a ansiedade sem causa aparente que não nos larga, que nunca passa e que me transformava numa pessoa horrà­vel. Ficava irritada, gritava, só me apetecia fugir, e depois sentia-me super mal por ser uma pessoa tão má.

Passei a vida inteira a lidar com isto e a achar que não havia nada a fazer, que era eu que estava a ser parva e se fizesse um esforço conseguia melhorar. Por causa disso, e porque os problemas psicológicos e mentais são geralmente menosprezados, só recentemente é que procurei tratamento. No meu caso é claramente uma questão genética porque tanto o meu pai como o meu irmão, e agora o meu filho, sofrem do mesmo mal.

Um bocado a medo falei com a média de famà­lia, à  espera que ela me dissesse aquilo que sempre ouvi, que isso era normal, que estava a exagerar, que toda a gente fica nevosa, etc. Felizmente não foi o caso e comecei a tomar medicação.

O primeiro mês foi um choque para o sistema e passei o tempo com vontade de dormir mas quando a coisa normalizou e comecei a perceber a diferença, fiquei realmente espantada. Foi como se conseguisse pensar claramente pela primeira vez. Consegui tomar decisões, fazer planos e descontrair pela primeira vez em anos, senão desde sempre.

Ao fim de seis meses tentei parar. Não correu bem. Em pouco tempo senti voltar tudo ao mesmo, e depois de viver aqueles meses de paz era violento sentir de novo aquela emoção descontrolada, o medo sem sentido, a irritabilidade constante.

Resolvi continuar a medicação e sinto-me muito melhor. Na altura da menstruação fico sempre mais ansiosa por causa das alterações hormonais mas é bastante mais fácil de controlar. Melhor que isso, consegui começar a verbalizar a forma como me sinto e explicar porquê, o que ajuda também aqueles que têm de me aturar.

Este ano tem sido mentalmente violento para todos nós mas é interessante que pessoas como eu e o meu filho, que nos sentimos ansiosas quando temos de enfrentar o mundo exterior, estamos a adaptar-nos muito bem à  nova realidade de estar em casa. Agora tenho de ficar no sí­tio onde me sinto segura? à“ptimo!

Tenho receio é do que vem depois.

Para onde vai o tempo?

Levanto-me cheia de planos e boas intenções.

Começo por encher a máquina da roupa e pà´r a lavar antes de tratar do pequeno almoço.

Acabo por fazer umas limpezas e arrumações aqui e ali de coisas que os miúdos deixaram espalhadas pela casa no dia anterior.

Chega a hora de estender a roupa e, com este calor, não apetece nada estar lá fora. Tenho de ir de chapéu para não fritar a cabeça e mesmo assim é um sofrimento. Se calhar por isso é que me distraio tantas vezes.

Reparo numas flores bonitas que abriram de manhã cedo e vou tirar umas fotos. E já agora tiro as flores mortas e verifico se há novas infestações de insectos.

Volto à  roupa mas entretanto vejo que alguns vasos têm a terra muito seca, apesar de terem sido regados na noite anterior. Lá vou eu de mangueira regar tudo.

Depois de estender mais umas camisolas oiço a nossa gata idosa a vomitar. Ela tem problemas renais e não digere bem a comida, mesmo a especà­fica para estes casos. A idade não perdoa.

Tenho de ir limpar o vómito e reparo que o prato da ração está quase vazio. Depois de o encher, aproveito para mudar a água também. Assim já não tenho de me preocupar com os gatos durante algum tempo.

Quando acabo finalmente de estender a roupa aparece a Joana a dizer que tem fome.

Já é hora de almoço? Para onde é que foi a manhã? Não fiz nada!

Brincar com tintas

Eu tenho uma licenciatura da Faculdade de Belas Artes mas a verdade é que não aprendi técnica nenhuma naquela escola. A atitude deles nas aulas de desenho, pintura, etc, era “façam isto” sem explicar nada e depois criticar no fim.

Há técnicas especà­ficas para obter certos efeitos, para desenhar de determinada maneira, mas ou achavam que devà­amos nascer ensinados ou eram da escola do “se não tens “˜talento natural’ não vale a pena ensinar-te nada”.

Isto tudo para dizer que apesar de ter um curso de artes não sou grande coisa a desenhar ou pintar. No entanto gosto muito de brincar com cores. Aliás, o interesse pela joalharia começou muito pela atração das pedras coloridas. O mesmo se pode dizer do gosto pela maquilhagem. Gosto de cor.

Como já não tenho de me preocupar com avaliações, hoje em dia divirto-me apenas a experimentar técnicas e a brincar, muitas vezes em conjunto com a minha filha.

Uma das coisas que gosto de fazer são “samplers”. Neste caso, pintar cada das cores que tenho num caderno onde apontei o nome da cor e a marca. Ajuda-me a escolher as cores e também posso levar o caderno comigo quando quiser comprar tintas novas para não correr o risco de repetir cores.

Este ano interessei-me pela técnica de acrylic pouring. Pareceu-me giro atirar um monte de tinta para cima de uma tela e depois ver aquilo escorrer sem me preocupar muito com controlar o resultado.

Como nunca tinha usado tinta acrà­lica em estado là­quido comecei por experimentar em papel. O resultado não foi muito encorajador. Fiz duas destas folhas para não desperdiçar a tinta já misturada, com resultados semelhantes.

Numa das folhas pintei os cantos com preto e espirrei pintinhas brancas com uma escova de dentes para ver se conseguia fazer isto parecer mais com uma galáxia mas mesmo assim não ficou grande coisa.

Vi este tutorial e fiquei com vontade de comprar um aerógrafo (que também é usado só com água para manter o acrà­lico húmido), mas como não tenho, tive de improvisar.

Este outro tutorial de pintar galáxias com esponja é mais fácil de conseguir sem ter de comprar material novo, e entre os dois, deu-me imensas ideias.

Como tudo na vida, é mais complicado do que parece e é preciso aprender uma série de coisas para ter um resultado decente: é preciso acertar na consistência da tinta, ser rápida na aplicação porque o acrà­lico seca muito depressa e depois já não escorre, e mais importante que tudo, saber quando parar.

Devo dizer que os resultados que obtive não foram brilhantes e acho que precisava de estragar mais umas 20 telas antes de apanhar o jeito à  coisa, mas pelo menos é divertido.

Esta tela foi feita com “flip cup” mas a cor dourada não misturou bem com o medium e ficou tudo cheio de altinhos.

Aqui a tinta ficou demasiado espessa e não escorreu bem até à s pontas. Para estragar ainda mais, um dos pauzinhos de gelado que uso para misturar as tintas caiu em cima da tela durante o processo de secagem e estragou ainda mais um bocado lá no meio.

Este foi o que resultou melhor, ficando com um certo ar de praia. Inspirei-me neste tutorial apesar de não ter seguido as instruções.

Usei tampas de caixas por baixo das telas, forradas com um saco de lixo, para recolher os pingos de tinta. Esta tela foi a minha primeira tentativa de fazer um dutch pour com secador de cabelo mas demorei demasiado tempo e a tinta branca que cobria a tela já tinha secado e não espalhou bem. Acabei por continuar a deitar tinta aqui e ali e a soprar até ficar uma grande salganhada.

A ideia original era seguir este tutorial.

Não consegui vez nenhuma fazer os efeitos com o óleo de silicone. Não sei se estou a usar o produto errado ou se a tinta continua demasiado espessa. Vou continuar a experimentar até acertar com a coisa.

De qualquer forma, nada se desperdiça. Posso sempre usar o que fiz como base para um dos projectos de Mixed Media e, em última hipótese, usar as telas como fundo para fotos de famà­lia.

Em conjunto com a Joana pintei também uma aguarela seguindo um tutorial de Little Red Boots.

A aguarela nunca foi das técnicas que me interessasse, muito precisamente porque parece muito difà­cil de controlar e eu sou control freak, mas gostei da experiência e sou capaz de fazer mais umas coisas.

Depois resolvi experimentar pintar sobre papel preto e segui uns tutorials de pintura de flores. Mais uma vez, não obtive resultados brilhantes mas se continuar a treinar as técnicas sou capaz de ter futuro a fazer quadros para quartos de de hotel.

Segui este tutorial para as primeiras flores mas faltam passos no và­deo onde ela adiciona cores que não mostra, etc, e tive de improvisar.

Para as tulipas segui este và­deo.

Mais uma vez, o importante é ser divertido. É o objectivo dos hobbies. Guardo a tendência para o perfeccionismo para outras coisas.

Restauração da bancada de joalheiro antiga

3 anos comprei uma bancada de joalheiro antiga.

No geral não estava em muito mau estado mas precisava de alguma recuperação, especialmente porque tinha acabado de decorar o meu atelier e não queria uma bancada toda ferrugenta lá no meio.

A recuperação deu trabalho mas valeu a pena.

Primeiro foi preciso lidar com a ferrugem da estrutura e a tinta velha. Usei decapante para retirar o máximo de tinta, que estava toda a descascar, e depois usei uma escova de aço no berbequim para retirar os restos da tinta e a ferrugem.

Foi a parte de trabalho mais intensivo e o meu braço ficou dormente com a vibração do berbequim.

Quando tinha o metal limpo, apliquei um primário e depois pintei.

Sei que a cor é um bocado berrante mas está de acordo com a cor do resto da sala e gosto de me rodear de cores vivas.

Consegui fazer grande parte do lixo e uso de quà­micos no terraço mas entretanto começou a chover e a pintura teve de ser dentro de casa. Acho que consegui não sujar muito o chão.

Depois foi a vez das cuidar das gavetas. Uma delas tinha uma mancha enorme e a madeira do fundo teve de ser substituà­da.

Apliquei primário ao fundo das gavetas e pintei com a mesma cor da estrutura.

A madeira da frente das gavetas tinha muitas manchas mas em vez de pintar resolvi lixar e aplicar um verniz com cor que ajuda a nivelar o tom mas mesmo assim permite ver o grão da madeira.

Para não descaracterizar completamente a bancada, resolvi colocar uns puxadores parecidos com os originais, em latão. Achei que a cor já era uma afronta suficiente.

Por fim fiz adaptações para os acessórios essenciais. Um gancho daqueles que se usam para pendurar candeeiros no tecto é perfeito para pendurar o maçarico.

O suporte do motor não dava para prender ao topo da bancada mas consegui prendê-lo na trave de junção dos pés e fica suficientemente alto para conseguir trabalhar.

Desde que fiz a restauração da bancada comprei também um exaustor para ventilação dos fumos de soldar e acho que agora tenho um espaço de trabalho funcional e seguro.

English:

Restoring an old jeweller’s bench

Three years ago I bought an old jeweller’s bench.

It wasn’t in bad shape but it needed some work, especially because I had just remodelled my studio and didn’t feel like placing a rusty piece of furniture in my nice work space.

Restoring the bench was a lot of work but it was worth it.

First I had to remove the rust and chipping paint. I covered the metal in paint stripper and managed to remove most of it that way. Then I used a drill with a steel brush to get rid of the rust and remaining paint.

This was the most labour intensive part of the project and my arm got numb from the vibration of the drill.

Once the metal structure was clean, I applied some primer and then painted.

I know the colour is a bit much but it matches the color scheme in my studio and I like being surrounded by bright colours.

I managed to make most of the mess outside but at this point it started to rain and I had to paint indoors.

Next I dealt with the drawers. One of them had a really nasty stain on the bottom and I had to replace it with a new piece of wood.

After that I applied wood primer and painted the inside bottom of the drawers in the same colour as the metal frame.

The wood on the front of the drawers was heavily stained but I didn’t want to paint it. Instead I sanded it and then coated the wood with a coloured varnish that evened out the tone but still allows the grain to peek through.

I didn’t want the bench to lose all character, despite the colour, so I replaced the handles with similar ones, in brass.

I added some final touches, like a hook to attach the torch to the side. I chose one of those round hooks that are used to hang lamps from the ceiling and it works quite well.

The stand for my flex shaft is meant to be attached to a table top but it didn’t work in this caso, so I attached it to the side bar that connects the table legs. The flex shaft is still high enough for me to work comfortably, so it will do for now.

Since restoring the bench I’ve also bought a fume exhaust unit to help with ventilation while soldering. I feel that I now have a functional and safe work environment and I’m happy with it.

Cartão de Cidadão

Há uns meses reparei que o meu cartão de cidadão estava quase a expirar. Para não perder um dia à  espera na conservatória, que muitas vezes acaba por não resolver a coisa obrigando-nos a repetir o processo no dia seguinte, resolvi fazer marcação online. Fiz o pedido a 16 de Maio e a data do agendamento era para 19 de Setembro!

Achei que não fazia mal porque não ia precisar do cartão para nada de especial mas não deixa de ser estranho demorar tanto tempo, especialmente para algo que é obrigatório ter em dia.

Pela positiva reparei que aumentaram o prazo de validade. Obrigar-nos a fazer um novo de 5 em 5 anos era absurdo, especialmente para adultos que não mudam assim tanto nesse espaço de tempo.

No dia 19 lá fui à  conservatória. Os computadores são antigos e lentos e estava tudo atrasado. Pior que isso, depois de fazer o processo todo – foto, impressão digital, assinatura, pagamento, etc – no momento em que a senhora da conservatória ia finalizar o processo e imprimir o recibo, deixou tudo de funcionar. O serviço de cartão de cidadão, que deve estar num servidor central, pifou no paà­s inteiro durante umas horas. Ainda esperei uma meia hora enquanto a senhora ligava para outras conservatórias para confirmar que não era só um problema local e depois acabei por ter que ir embora sem saber se tinha ficado feito ou não e sem comprovativo de coisa nenhuma, incluindo o pagamento.

No dia seguinte voltei lá e a senhora confirmou que tinha conseguido finalizar o processo quando o servidor voltou a funcionar e lá me deu o recibo e uma cópia dos dados.

No total paguei 33 euros porque pedi com urgência. Na altura achei que não havia pressa mas entretanto vai haver uma eleição no próximo dia 6 de Outubro e tive receio que o cartão não chegasse a tempo de ir votar pelo que paguei a taxa de urgência.

Ontem lá chegou o papel para ir levantar o cartão. Já não caà­ na armadilha de agendar data para ir levantar porque isso eram mais 3 meses. Dirigi-me à  conservatória, preparada para esperar.

Dei com o nariz na porta. A conservatória está em greve durante as próximas duas semanas, ou seja, mesmo até à  data das eleições. Quer portanto dizer que gastei 15 euros para nada e vou ser impedida de votar. Neste momento só me apetece arrombar a porta e ir lá buscar o meu cartão. E quero os 15 euros de volta. Tal como dizia a senhora da conservatória, o estado é que devia pagar a taxa de urgência para eu poder ir votar. Assim é absurdo.