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Acabou-se o descanso

As nossas duas gatas em miniatura conseguem finalmente saltar para a bancada da cozinha. Era a última barreira. Isto quer dizer que agora chegam a qualquer lado e nada está seguro.

Como os gatos pequenos não são particularmente intuitivos no que diz respeito à  sua segurança pessoal (leia-se tendência para roer fios eléctricos) tudo o que tinhamos passado para a prateleira de cima deixou de ter protecção garantida. É geralmente nesta faze que me partem os snow globes, arrancam e comem posters pendurados nas paredes, etc.

A segunda mania é que ao contrário dos outros gatos todos estas gostam de ver televião. A Scully também acha piada ocasionalmente quando há uma bolinha a mexer no ecrã, mas estas é com tudo. Sentam-se em frente ao plasma e vão dando patadas no ecrã.

Aliás, a Buffy está neste preciso momento sentada em frente ao meyu monitor a seguir as letrinhas que vão aparecendo enquanto escrevo. Como só vejo orelhas de gato, perdoem-me se o texto estiver todo trocado.

A pior parte é que estão a ficar muito mal educadas. São tão giras mesmo a fazer asneira que não me consigo chatear com elas. Grito ‘não’ de vez em quando mas acho que elas percebem que é só ameaça e não ligam nenhuma.

O barulho das obras continua na mesma. Todos os dias à s oito e meia começam a martelar, etc. Hoje está impossível no escritório. Parece que estão a destruir a parede que separa as nossas duas casas e vão entrar por aqui fora a qualquer momento. O chão treme, a mesa também e só me apetece gritar (o que chego a fazer ocasionalmente). Ainda só os vi uma vez e já odeio os nossos novos vizinhos profundamente.

Para fugir ao barulho fui dar as voltas burocráticas do costume, já que estamos novamente em mês de pagar o IVA. Estava montes de gente nas finanças. Eu até esperei pelo final do prazo para comprar o selo do carro mas há sempre uns atrasadinhos e depois há as pessoas que, como eu, resolveram esperar pelo fim do mês para ir lá tratar de coisas. Eu até podia pagar isto no multibanco mas gosto mais do selinho que eles colam na declaração a dizer que paguei do que ter que agrafar um papel do multibanco. É menos uma porcaria e geralmente não costuma estar lá ninguém. Depois fui pagar a garagem onde me deram uma chave nova e fui ao correio levantar uma encomenda.

Quando entrei no correio estava uma senhora de 80 anos sentada. Informou-me imediatamente que era ‘a seguir à quela senhora’. Disse ‘ok’ e fiquei na fila. Quando só faltavam duas pessoas a senhora começou a ficar nervosa e levantou-se para ocupar o seu lugar. Tive de lhe garantir que não ia passar à  frente e até lhe disse que a chamava quando fosse a sua vez. Na realidade irritam-me pessoas que passam à  frente. Estão sempre com muita pressa e são sempre mais importantes do que o resto do mundo. Eu não tenho problemas nenhuns em esperar a minha vez e também não vejo mal nenhum em ter a senhora de 80 anos sentadinha até chegar a vez dela. Mas acho que devo ser a excepção à  regra num mundo em que é cada um por si.

Acho que era bom podermos confiar nos outros, sentir que somos da mesma espécie e como tal podemos contar com outras pessoas. Mas a prova é sempre em contrário, razão pela qual é mais fácil desconfiar primeiro e só dar o benefà­cio da dúvida quando alguém prova que o merece. É triste mas é assim que o nosso mundo funciona.

Os males de ver televisão

De vez em quando, quando não tenho nada para ver ao fim do dia, faço um bocado de channel surfing e apanho as coisas mais absurdas.

Um dia destes apanhei aquele que deve ser um dos programa mais nojentos da história da televisão. É um lixo chamado Hollywood Raw que consiste em bocadinhos de filmagens de pessoas famosas a fazer compras ou a sair de bares à  noite, comentadas pelos seres humanos mais desprezà­veis que é possível imaginar – os gajos que perseguem esta gente para todo o lado, habitualmente chamados de paparazzi. Acho que há alguns assassinos que merecem mais perdão do que estas criaturas.

Estes tipos que vivem de perseguir determinadas pessoas pelas ruas, espetando-lhes camaras e holofotes na cara têm depois a lata de se fazer de và­timas quando levam um soco porque ‘estavam só a fazer o seu trabalho’. Em qualquer outro caso seriam presos por harrassment, mas estes tipos têm um get out of jail free card.
Não é que eu ache que as pessoas famosas tenham de ser defendidas ou protegidas porque toda a gente sabe que ser famoso tem também algumas desvantagens e esta é uma delas. Mas ver o ponto a que esta malta chega é impressionante. E ouvi-los falar, primeiro como se fossem verdadeiros especialistas na vida privada destas pessoas, depois como vitimas dos insultos quando começam a ser demasiado irritantes, como se fossem uns coitadinhos e estas celebridades más é que deviam estar todas na prisão porque são uns loucos, quando eles chegam a fazer coisas como borrifar o alvo que estão a fotografar com mace ou pepper spray é fabuloso. No fundo vivem de provocar as celebridades porque dá mais dinheiro uma foto de um gajo chateado do que a sorrir e depois queixam-se do resultado. Como é possivel ser-se tão insidioso?

Eu sei que nada disto é novidade e por mais afastada do mundo que eu viva a maior parte do tempo, já tinha obviamente visto algumas destas fotos em revistas, mas ver as filmagens, ouvir os gajos a falar, meteu-me um nojo tal que nem dez banhos conseguem eliminar. Desejo-lhes a todos uma morte lenta e dolorosa e acho que não volto a ver televisão tão cedo. Sabe-se lá que doenças se pode apanhar assim.

Cansada

Ontem fui a Lisboa à  procura de pedras pretas para uma encomenda e acabei por voltar com montes de outras pedrinhas. É irresistivel. Hoje passei o dia a fazer brincos e colares com o novo material e a fotografar os resultados. Só não está tudo online ainda porque já estou demasiado cansada para me por a pesar e escrever descrições.

Um dos colares ficou muito giro (é bom sinal quando penso que tenho de fazer um para mim) e o outro não está mal mas a cor dominante da mistura das missangas ficou mais escura do que eu queria por isso sou capaz de desmanchar e começar de novo. É algo em que sou perita. Já desmanchei quase um tapete de arraiolos inteiro para começar de novo por isso um colar não é nada.

A terapia ocupacional parece estar a fazer-me bem porque hoje ainda não me apeteceu matar ninguém.

Ontem acabei os moldes para mais quatro bonecos – ovelha, tubarão, baleia e elefante. Tenho algumas questõs técnicas a resolver mas devo começar produção em breve. Como já coloquei online a aranha e o porco estava na altura de fazer mais.

O Pedro vem a caminho e quer ir ao fórum cortar o cabelo, mas depois de um dia a enfiar missangas não sei se tenho energia para me arrastar por lá enquanto espero que ele se despache. Só me apetece ir dormir. Ainda bem que amanhã é sábado.

O fim de semana vai ser concorrido com dois jantares de familia. Chegou aquele ponto em que de repente toda a gente decide que já não nos vê há muito tempo 🙂

Fashion Victims

Gosto muito de comprar roupa e gosto de vestir coisas bonitas. E não tenho nada contra o conceito de moda no geral. Se as modas não mudassem ainda tinha que usar espartilho (algo que prefiro usar só quando me apetece) e não podia vestir calças.

Aquilo que não compreendo é a forma como a moda parece ser por vezes uma coisa restritiva em vez de algo que nos dá mais liberdade de escolha e a forma como as pessoas aderem à  ultima moda sem pensar.

A roupa deixou há muito de ser meramente funcional. Passou a ser uma forma de comunicação, uma forma de nos identificarmos como pertencendo a um determinado grupo ou uma expressão visual de como nos vemos a nós próprios. E se uma determinada imagem é por vezes mais importante do que ter bom aspecto muitas pessoas parecem falhar em ambas as categorias.

Há pessoas que aderem à s modas sem se preocupar com se a mesma está de acordo com a sua personalidade ou, mais importante, a sua estrutura fà­sica. E então criam-se verdadeiras aberrações visuais. O exemplo mais comum do momento são as senhoras gordas e baixinhas que insistem em usar calças curtas. Não há nada pior para encurtar visualmente uma pessoa. Aliás, acho que é um look que não fica bem a ninguém com mais de 20 anos, mas desde que se tenha a estrutura correcta suponho que até se safa. Só que as pessoas que vejo mais com este look são senhoras acima dos 30 ou 40 e geralmente a cometer uma atrocidade ainda maior: calças curtas brancas quando se tem um rabo que vale por dois é o equivalente a pegar na moda em questão e dar-lhe um tiro entre os olhos. Isto porque o branco aumenta, claro.

Aquilo que acho interessante é que o branco está na moda este ano, mas as pessoas que vejo com calças ou saias brancas têm todas mais de 35% de gordura corporal. As miúdas magras geralmente usam jeans ou calças pretas. Está tudo ao contrário.

Mas como se não fosse suficiente, esta aberração tem mais uma agravante: este tipo de calças não é usado com ténis mas sim com strappy sandals com um salto fininho, dando a impressão de um elefante em pontas.

Poderiam dizer que as pessoas têm o direito de usar o que gostam (e têm de tal forma que o fazem constantemente) e que provavelmente gostam do aspecto que têm. Aquilo que me parece é que estas pessoas têm uma auto imagem muito deturpada e não fazem ideia do aspecto que têm. Ninguém anda com aquelas sandálias, algo bastante desconfortável, e se está nas tintas para a imagem que projecta. Estas pessoas aderem à  moda porque querem ter bom aspecto e acabam com o efeito contrário. É para casos destes que existe o ‘What not to Wear‘.

E podem-me dizer ‘então e as pessoas têm de deixar de usar roupa que gostam só porque não foi feito para o seu tipo de corpo?’. A resposta curta é sim. A resposta comprida é eu não acredito nisso. Se as pessoas gostam tanto dessas peças porque é que só as usam no ano em que está na moda? Quando se gosta de uma peça usa-se sempre, até estar com tão mau aspecto que temos de parar. Não é este o caso. Isto é mais poder usar coisas que sabemos que ficam mal e que não teriamos lata de usar normalmente mas agora podemos porque está na moda. É como se a sociedade desse autorização. E como está na moda ninguém diz nada e passa alegremente.

A segunda coisa que me irrita na moda é o oposto a usar só porque está na moda. É o não poder usar porque não está. Por exemplo, gosto muito de chapéus mas se sair à  rua com um chapéu fica toda a gente a olhar para mim como se fosse um sinal do fim do mundo. Excepto, claro, no ano em que os chapéus estão na moda.

Se uma peça não é desajustada à  pessoa, porque é que não se pode usar? OK, algumas peças serão um pouco exageradas talvez – um vestido de 1800, apesar de poder ter a sua piada é capaz de se enquadrar um bocado mal. Mas nem é disso que falo. Falo de coisas como usar uma mala pequena no ano em que a moda são malonas enormes, por exemplo. Qual é o mal? E se eu não tiver muita coisa para por na mala?

Nestes casos escolho ignorar e fazer o que me apetece, correndo o risco de ser comentada e criticada e colocada na categoria das pessoas que não têm noção do que se está a passar no mundo no momento. Não quero ser In. Até sei o que está na moda. Leio as revistas e presto atenção nas lojas. Mas à s vezes prefiro ignorá-lo e usar o que me fica bem e o que gosto. E um dia destes vai aparecer uma moda se encaixa comigo e durante cinco minutos vou estar integrada. É mesmo assim.

Comunicação (Paperbag)

Toda a gente precisa de comunicar e toda a gente acha que sabe comunicar. Estes são dois factos inegáveis. Infelizmente a maioria das pessoas não sabe de facto comunicar de forma eficiente ou fica frustrada com o resultado da comunicação.

Quando a comunicação é feita em pessoa as coisas são por vezes mais simples porque comunicar não se limita à s palavras. O tom de voz, os gestos, expressões faciais e postura ajudam a compreender sarcasmo, por exemplo, algo muito mais complicado numa carta.

Mas mesmo nessa situação a comunicação pode não ser considerada eficaz para o emissor. Isto depende obviamente da mensagem. As mensagens humanas comuns são geralmente de dois tipos: Troca de informação (pergunta, resposta) ou troca de opiniões. A primeira é relativamente pacà­fica e entendida desde que colocada nos termos apropriados e na linguagem correcta, algo que o individuo comum com mais de 3 anos costuma conseguir. A segunda é mais complicada porque saà­mos dos factos para factores influenciados pela personalidade e experiências de cada individuo.

As opiniões são mensagens que o emissor acha importantes mas que o receptor pode não achar. O receptor pode ter uma opinião diferente, pode receber apenas parte da mensagem (recepção selectiva) ou pode até concordar aparentemente porque interpretou a opinião de uma forma inteiramente distinta.

Quando as opiniões caem no campo de julgamento ou passagem de conselhos as coisas complicam-se. Como cada individuo tem experiências e formas de ver o mundo diferentes é praticamente impossível dar conselhos práticos. Era necessário conseguir compreender por inteiro o receptor, tentarmos pensar como ele, tentarmos sentir como ele e nesse ponto ter consciência das escolhas e qual seria a mais correcta. Como é obvio isso é impossivel pelo que dar conselhos ou resolver decidir por outra pessoa aquilo que é correcto para eles é inútil. Não que isso impeça a maioria dos humanos de tentar. Mas geralmente é uma mensagem inútil porque o receptor vai ouvir a mensagem e fazer uma de duas coisas: transformá-la mentalmente no que queria ouvir ou ignorá-la e fazer exactamente o que lhe apetece.

Não é que a troca de opiniões em si seja um acto inútil. Nós geralmente até achamos piada a saber a forma como as outras pessoas pensam. mas é mais uma maneira de compreender até que ponto somos iguais ou diferentes do que tentar perceber como o mundo em geral reage a certas situações para fazermos o mesmo. Isso só acontece com a moda (motivo para o meu próximo post).

As pessoas sentem-se mais próximas quando partilham as mesmas opiniões e afastam-se quando divergem. E geralmente é muito difà­cil conseguir convencer uma pessoa prestes a saltar de uma ponte que devia ir para casa dormir no assunto.

Raramente dou conselhos e quando o fiz foi apenas em situações em que a outra pessoa tinha uma questão dificil para resolver e queria uma segunda opinião para desempatar. Geralmente faço uma série de perguntas primeiro e tenho de conhecer a pessoa relativamente bem. E depois do conselho dado não penso mais nisso porque sei que não significou absolutamente nada e a pessoa vai fazer exactamente o que ia fazer de qualquer forma. Ou concorda com o que eu disse e dorme mais descansada porque sente que teve validação, ou de repente convence-se que o contrário é que está correcto e agora sente isso muito fortemente.

E como gosto de ilustrar os meus pensamentos de forma musical, deixo-os com o Paperbag. Algumas pessoas vão achar que esta música se aplica também a mim, ao que respondo, sim. Aplica-se a toda a gente. Se disser que estás errado/a mudo a tua opinião sobre o assunto? Claro que não. I rest my case.
PAPER BAG

She’s got a paper bag over her head
And I want to help but I can’t
People always do what they want
Nothing more nothing less
No matter what you say

The worst is gone so you go on but
the bad times will come round again
you just do what you do
Nothing more nothing less
No matter what you know

He may come through and surprise you
when all hope seems lost
But he’ll just be what he is
Nothing more nothing less
No matter what you do

Dias maus

Isto de ter comentários no site é uma coisa complicada. Podia ignorar completamente aquilo que as pessoas dizem mas não sou capaz. Ou apago, ou respondo.  Só que cada resposta dá origem a mais comentários. Se calhar isso só me preocupa porque gosto de ter a última palavra 🙂

É particularmente estranho porque escrevo há anos mas o site nunca foi um diálogo. Foi um monólogo. Propositadamente, porque queria manter um espaço só meu, uma ditadura, so to speak. Ao ponto de eu estar convencida que escrevia só para mim, que ninguém tem de facto paciência de ler isto. É perfeitamente compreensivel. Eu não tenho uma vida particularmente movimentada ou excitante, por isso por que raio é que alguém há-de perder tempo a ler os meus desabafos e as ninharias do dia a dia que escrevo. E como tal, digo o que me apetece sem ter de dar explicações a ninguém.
Agora a coisa complicou-se. No fundo esperava comentários insultuosos e reações violentas aos meus posts mais agressivos porque é mesmo assim. E se um comentário me irritar vou sempre fazer o equivalente verbal de degolar, estripar e deixar as entranhas ao sol como aviso aos seguintes. Não é nada pessoal contra a pessoa que escreve porque nem conheço as pessoas que escrevem. Mas as palavras têm poder e as minhas palavras vão sempre tentar dar porrada nas palavras que me pregaram a rasteira. São as regras do recreio.
A questão é simples: se vou ser honesta comigo própria, que sempre foi o objectivo, tenho de estar-me nas tintas para a opinião das outras pessoas. E é isso que tento fazer. O ser humano é complicado e cheio de sentimentos contraditórios e quanto mais inteligente mais conflitos tem porque tem noção de um maior número de escolhas. Ignorance is bliss. And if you’re not so ignorant what the hell do you do?

Mas aquilo que me fez mais confusão nos últimos comentários foi o facto de  me parecer que um ou dois posts mais depressivos dão a algumas pessoas a impressão que eu estou prestes a enfiar a cabeça no forno. Epá, lamento mas não se livram de mim tão cedo. Nunca tive tendências suicidas. Já pensei nisso, como muita gente, mas acaba por haver sempre qualquer coisa mais que quero fazer, alguém de quem gosto e que não suportava magoar, seja o que for que me impede de cometer tal barbaridade. Posso viver infeliz para o resto da vida mas vou fazê-lo a ranger os dentes e a acordar todos os dias, doa o que doer.

Tenho dias maus e tenho dias bons. Tenho dias, como hoje, em que acordo a pensar em tudo o que há de mau e não consigo ficar na cama mais tempo. Por isso levanto-me e escrevo. Chama-se exorcizar os demónios. E à s vezes funciona. E quando funciona  no dia seguinte estou melhor e posso não escrever nada. É mesmo assim.

Isto é o único outlet que tenho uma vez que passo os dias fechada em casa com cinco gatos que não respondem à s minhas perguntas. Muita gente nesta situação já teria ficado completamente wacko, por isso acho que até me safo muito bem. Agora, negar que por vezes me apetece matar alguém ou pelo menos torturar com alguns requintes seria mentir, e isso não faço. Se isso me faz uma má pessoa, paciência. Não sou católica por isso não me interessa. Desde que não chegue ao ponto de fazer nada ilegal vale tudo. E tanto quanto sei a liberdade de expressão ainda é legal. Are we clear now?

Dead like me

Comecei a ver a série Dead Like Me. Acho que está de acordo com o corrente estado de espà­rito.

Para quem não conhece, acho que é seguro dizer que se gosta desta série se se gostou do Six Feet Under. Os personagens parecem ser ligeiramente menos perturbados (apesar de mortos) e a piada está toda na ideia de que nem depois de morrer uma pessoa se livra de ter um trabalho chato porque precisa de comer e pagar renda.

Adoro o genérico inicial e a série acaba por ser mais divertida do que mórbida e, tal como o Six Feet Under, tem diversas cenas de ‘como é que este tipo vai morrer?’ Ainda só vi 5 episódios mas recomendo. A primeira série está à  venda na Fnac, para os eventuais interessados.

Também comecei ontem a ver o DVD Fade to Red da Tori Amos, que encomendei de Inglaterra porque estava farta de procurar cá e nunca vi à  venda. Até é capaz de existir mas deve estar muito bem escondido.

É apenas uma colecção dos và­deos mas tem pelo menos um que nunca tinha visto e comentários em todos. Acho um bocado estranho a Tori falar de si própria na terceira pessoa. Compreendo que está a falar da personagem do và­deo, da história, a quem por acaso chama Tori, mas não deixa de ser estranho. Mas gostei de rever os và­deos do Little Earthquakes que sempre foram os meus preferidos.

Aquelas músicas continuam a dar-me um nó no està´mago. A música que ouvimos numa determinada época fica intimamente ligada a certas recordações que emergem quando voltamos a ouvir essa música e a Tori faz-me lembrar cantar o Song for Eric no último piso da Faculdade de Belas Artes que tinha um recanto com uma acústica fabulosa. Foi nessa época que tive uma ou duas audições para cantar em bandas e ainda cheguei a ir ensaiar umas quantas vezes mas acabei por desistir porque eles insistiam em fumar dentro do estúdio e ficava com a garganta lixada – mais uma vez os fumadores. Mas serviu para pegar mais a sério nas músicas, algo que até hoje continuo a adorar fazer.

Entretanto as minhas gatinhas mais novas andam completamente psycho-kitty ao ponto de já terem esfolado um ouriço de brincar. Andam pela casa com o pelo do boneco na boca muito felizes. Ainda bem que não tenho um jardim senão imagino os bichos mortos que ia ter pela casa.

Soundtrack to my state of mind

Pedro, temos que pegar nesta:

Too late

No time at all
No time at all
And she feels the years slipping away
She feels the years peeling away

All her dreams in the gutter
Her future down the drain
She’s wasting away
No ambition remains

She never expected
To feel this much pain
So empty inside
And no one to blame

And she asks
Is there time?
Is there time left in me?
Is there time?
Is there time to break free?
Is there time?
Is there time to start again?
This bitter sweet dream remains

All the plans that she made
Have been washed away
She just cries in the dark
Slowly going insane

So she’s fat and she’s old
And she feels a disgrace
And all that she hoped for
Never took place

And she asks
Is there time?
Is there time left in me?
Is there time?
Is there time to break free?
Is there time?
Is there time to start again?
Or is it too late?

Landmarks

I’ve been feeling like my life is meaningless and that I failed. I know I had potential to do several things and I failed to do them. But I felt like it was a gradual process with no specific landmarks and I was wrong. The landmarks are there, the times where everything changed.

I think we always want to believe that we make our own decisions, and we do, but we are also influenced by people or situations. We’re influenced by our parents, the ones who give us, at an early age, the confidence to success or the insecurities to fail, the people we meet later on who help us to conquer our insecurities and try any way or the ones who discourage us even further. And we can’t even blame any of these people. They never made us do anything. We are to blame for choosing to listen to them, or not to listen as may be the case.

So I woke up at six in the morning thinking about all this and about the times my life changed. The fact that being born a girl came as a great disappointment to my father and that nothing I did was ever good enough while my brother basically walked on water. The time I realised I was in love with this nice quiet boy I went to school with and that became my husband and best friend. The time I listened to Cornflake Girl for the first time and the fact that Tori Amos inspired me to take piano lessons and want to learn how to sing and write songs of my own even knowing I’d never be any god at it. The piano teacher I had and the fact that, had he continued to be my teacher, I would probably still be taking piano lessons. The audition I went to and how happy I was when I got the letter saying I was in. The second audition I cancelled because my parents had neither the time nor inclination to take me and my boyfriend didn’t like driving to places he didn’t know and the fact that this event marked the end of any attempts at doing something music-related outside my own living room. The first job interview I went to after college that led me to become a teacher for several years. The day my child died. All the big and little things that somehow made me make choices, right and wrong ones, that have brought me here, to this place and time where I am completely lost and feel that the whole thing is pointless and life is mainly a waste of time unless you have enough confidence to know what you’re doing at all times and the drive to do it.

I’ve spent my life wanting to be someone else; I’ve spent my life feeling like I was trapped in someone else’s body. I wasn’t supposed to have been born in this country, to parents who were never able to get me. I was supposed to do something more somehow. I was supposed to have a baby about to become one year old.

Life has a way of kicking you down and if you’re not strong enough that’s where you’ll be for the rest of it, in the gutter with the rats, and you may be looking at the stars but you’re thinking ‘that should be me up there’. And yet it never even crosses your mind to get up, dust yourself off and go to it. You’re too beaten by then to feel like you can do anything at all.

Nunca se pode tocar nos fumadores

O post anterior tinha que dar os costumeiros comentários crà­ticos. Não se pode falar de fumadores ou futebol sem irritar alguém.

A verdade é que o site é meu, e se não posso matar ninguém só porque me incomoda posso pelo menos fantasiar com isso. É para isso que isto serve.
Porque raio é que tenho de ser eu a mudar de sí­tio, ir-me meter numa discussão de duas horas com uns imbecis quaisquer ou fazer seja o que for quando não sou eu a incomodar? Acham que aquelas pessoas vão mudar alguma coisa no seu comportamento só porque eu as vou incomodar com a minha indignação? Claro que não!

A atitude é sempre a mesma, ‘estás mal, muda-te’. Eu prefiro ‘estás mal mata a mosca que te incomoda’.
E se há alguém que fica muito incomodado com isso, sigam o vosso próprio conselho: estão mal, mudem-se. Não obrigo ninguém a ler os meus desabafos, especialmente se não tiverem senso comum para compreender que aquilo que se precisa de dizer à s vezes pode ser excessivo, pode ser irracional, pode ser completamente estúpido até, mas precisa de sair. É por isso que os serial killers são sempre muito simpáticos e calmos até ao snap. Se andasse por aà­ a matar pessoas cada vez que me apetece também andava muito mais calma o resto do tempo.
Os fumadores têm o direito de fumar e eu tenho o direito de desejar vê-los a sufocar lentamente até à  morte. É mórbido? E então? Isso faz mal a alguém?
Ao contrário de algumas pessoas eu tenho plena noção da diferença entre realidade e fantasia.

E sim, tenho montes de fumadores na famà­lia e não é por isso que desejo a sua morte, apesar de por vezes me irritar extraordinariamente o hábito. Mas geralmente as pessoas que nos conhecem e sabem que não fumamos nem aprovamos o và­cio têm o cuidado de ir fumar para outra sala ou esperar que se acabe de comer ou seja o que for, algo que um estranho não quer saber. É humano só nos preocuparmos com as pessoas que conhecemos.

Os fumadores são uns porcos

Fui hoje à  praia pela primeira vez este ano. No nosso paà­s ir à  praia é uma religião e a única actividade socialmente aceite durante os meses de Maio a Setembro. Uma pessoa que vai à  praia pela primeira vez no final de Julho deveria, na opinião de muita gente, ser internada num hospital psiquiátrico ou mais provavelmente ser apedrejada até à  morte. No entanto, fui à  mesma. Ignorei as multidões, a humilhação social de estar mais branca que um cadáver, o facto de continuar a ter uma barriga pós parto muito pouco firme e  fui-me estender na areia durante duas horas.

Até aqui tudo bem. O céu estava azul, o vento não estava muito irritante e até já tinha algumas saudades de ver o mar. Só que pouco tempo depois de chegarmos instalou-se à  nossa frente e na direcção exacta do vento um casal que desatou a fumar cigarro atrás de cigarro durante todo o tempo em que aguentámos a situação, cujo fumo vinha directamente para cima de mim. à€ volta das toalhas iam semeando as beatas na areia de forma a ficar com uma linha tal qual a linha de giz à  volta de uma vitima de homicidio.

Acabei por me vir embora, furiosa com aquelas bestas e outras que tais que não têm um pingo de civismo. Há muito tempo que não tinha que conter tanto o instinto violento como ao sair daquela praia hoje. Tinha uma cadeira na mão e os gajos estavam deitadinhos na areia mesmo a jeito. Duas pancadas bem colocadas e estava tudo acabado. Mas não. Consegui-me conter apesar de estar arrependida até agora. Mas suponho que a praia já está poluida o suficiente.

Os fumadores são uns porcos. São piores que gajos que não tomam banho há 3 meses e recusam-se a perceber isso. Parece que o tabaco alimenta a estupidez e acaba com a capacidade de compreensão no que diz respeito ao seu próprio vicio. Não querem perceber quanto incomodam o resto das pessoas. Precisam de um espaço pessoal de 20 metros sem vento para não serem um incómodo. Considerando que o espaço pessoal máximo de qualquer pessoa que não viva sozinho no deserto é cerca de 50 cm, estão a ver a quantidade de pessoas que um fumador consegue incomodar de uma só vez.

Já não acho que proibir o fumo em recintos fechados ou mesmo em recintos públicos vá resolver a situação. A minha opinião neste momento é que os fumadores deveriam ser fechados numa sala sem janelas e sem ventilação e obrigados a fumar non-stop, 24 horas por dia até morrerem. Quando o oxigénio acabar, paciência. Depois o conteúdo da sala – cadáveres, atmosfera e beatas – seriam sugados para um contentor fechado herméticamente e enterrado. Não querem ficar sem o direito de fumar então que fiquem sem os outros todos. Odeio fumadores.

I wake up to hammer and nails

Esta tarde estive a gravar versões preliminares de algumas músicas, só para ver como a voz encaixa,se é necessário acrescentar alguma coisa ao piano, repetir, cortar, etc. Tinha seis músicas nessas condições e agora já posso fazê-las avançar.

Mesmo assim não ficou como eu queria porque o programa que usei para gravar a voz não parece conseguir sincronizar a faixa que está a gravar com a que está a tocar. Vai ficando com um pequeno delay e estraga completamente o aspecto final da coisa. Suponho que possa ser por o meu computador já ser um bocado lento, mas não me lembro disto acontecer antes.

O pior foi gravar voz com os gajos a partir parede na casa do lado. Estão mesmo a destruir a casa toda. Ontem tinham a porta do hall aberta quando saà­ para ir ao correio e o chão do hall estava todo esburacado mas com ar de que ainda falta muito para acabar de partir. E como hoje começaram logo à s oito e meia parecem estar todos investidos em chatear ao máximo. Já passa das seis da tarde e ainda estão para ali a fazer barulho em vez de irem para casa. Ainda queria experimentar gravar mais uns takes e os gajos nunca mais.

Recebi hoje um email com uma história inacreditável de um amigo de quem já não ouvia falar há algum tempo. Seria uma das últimas pessoas que eu imaginava a contar uma situação destas, com polà­cia, bombeiros e amostras de DNA. Fiquei um bocado chocada e preocupada porque sinto que ele anda deprimido há bastante tempo e uma situação destas não deve ajudar nada. Há pessoas sem sorte nenhuma.