Sempre tive muitos hobbies. Sou incapaz de estar parada. Até ver televisão, já por si uma actividade de tempos livres, me parece uma perda de tempo se não estiver a fazer outra coisa ao mesmo tempo. Desde wire wrapping a dobrar roupa, há sempre outra tarefa concorrente.
Hoje em dia, graças à s tablets que se tornaram parte do nosso dia a dia, é comum estarmos com dois ecrã ao mesmo tempo. A tv ligada e o iPad no colo com um joguinho qualquer. Os jogos põe-nos a ver anúncios para ganhar moedas e nós vemos o anúncio (ou fingimos que vemos mas na verdade olhamos para a tv), para poder jogar mais um bocadinho.
Não sei se é perda de tempo a dobrar, se nos estamos a tornar demasiado exigentes com a procura de entretenimento, se o medo do aborrecimento é tal que não queremos correr o risco de o sofrer nem que seja por um segundo ou se isto é uma forma de treinar o nosso cérebro a evoluir ou simplesmente para contrariar o sono e cansaço e aguentar só mais um bocadinho.
O campo dos conservadores defende sempre que os ecrãs estão a destruir a capacidade de concentração da juventude, que os jogos são maus, que as pessoas estão cada vez mais alheadas da realidade. Têm tendência a ignorar os lados positivos da tecnologia a favor dos potenciais riscos. Não digo que não haja um perigo de dependência causado por estes dispositivos. É como tudo na vida – sempre em moderação. Mas continuo a achar que o panorama nunca é tão negro como alguns levam a crer.
Graças à tecnologia conseguimos comunicar com pessoas do outro lado do mundo, que de outra forma se calhar nunca teràamos vindo a conhecer. Com os jogos as crianças ganham coordenação motora, capacidade de raciocànio e resolução de problemas e resistência à frustração – quando se morre 50 vezes no mesmo nàvel é preciso desenvolver paciência.
No meu dia a dia tenho muitas alturas em que um trabalho repetitivo, como tratar fotos para o site, por exemplo, se torna demasiado monótono e só música de fundo não chega para manter a minha atenção e nàvel de energia. Mas se ligar a tv e estiver entretida a seguir uma história, consigo continuar a fazer a tarefa chata durante mais tempo sem me sentir tão cansada ou com vontade de parar. o cérebro precisa de estar ocupado para manter o interesse nas tarefas.
Do meu ponto de vista, enquanto pessoa criativa, a maior desvantagem da falta de “aborrecimento” é que as ideias geralmente ocorrem quando não temos mais nada em que pensar. Mas mesmo na nossa vida rodeada de imagens, cor e movimento, ainda há alturas em que não temos nada para nos entreter – como antes e depois de adormecer, no duche, etc. Muitos criativos conhecem a sensação de acordar de manhã com a solução para o problema do dia anterior. Podemos treinar o nosso cérebro, até certo ponto, a usar os tempos mortos e de descanso para trabalhar nos problemas criativos.
Quando isso não chega, nada melhor do que agarrar num papel e num lápis e rabiscar um bocado, sem distrações. É como disse antes, tudo em moderação. à€s vezes é mesmo preciso desligar. Aquilo que é visto por alguns como “perder tempo” para a mente criativa é por vezes uma necessidade. Muitas vezes a criatividade nasce do aborrecimento e também é preciso algum tempo de paz e sossego para conseguir pensar em nada até a faàsca surgir.
English:
Hobbies, entertainment and creativity
I’ve always had a lot of hobbies. I can’t sit still. Even while watching tv, in itself a spare time activity, it feels I’m wasting my time unless I’m also doing something else. From wire wrapping to folding laundry, there’s always some other task going on.
Nowadays, thanks to the tablets that have become a part of our daily lives, it’s common to handle two screens at once. The tv is on and we’re also playing some game on our iPads These games make us watch ads to gain coins and so we watch the ad (or pretend to watch it while looking at the tv) so we can play a little longer.
I don’t know if we’re wasting time twice, becoming too demanding with our entertainment, if our fear of boredom has become so great we don’t want to risk even a second of it, or if it’s actually a way to train our brain to evolve or simply a way to fight against tiredness and hold on a little longer.
Conservatives defend that screens are damaging youth’s capacity for concentration, that games are bad, that people are growing further detached from reality. They have a tendency t ignore the good sides to technology in favour of potential risk. I’m not saying there isn’t a possibility of addiction to technology. Like everything in life, moderation is key. But I still feel the future isn’t as dark as some would have us believe.
Thanks to technology we can communicate with people on the other side of the world, people we probably would never have even met otherwise. through games children learn hand-eye coordination, develop thinking and problem solving skills and even resistance to frustration – you have to, after getting killed on the same level fifty times.
Many times during my daily activities there are repetitive tasks, like treating photos for my website, for example. It becomes too dull and even background music is not always enough to keep me focused. But if I turn on the tv and follow along to a story, I can keep my energy levels up for longer and continue working.
From the point of view of a creative person, the biggest disadvantage of this lack of “boredom” is that ideas come when you’re not really thinking about anything. But even in our image, colour and motion-filled lives, there are always times when we have nothing to entertain up – like before going to sleep and before getting up and when we shower, for example. Many creative people know the feeling of waking up with the solution from yesterday’s problem. We can train out brain, to some extent, to use downtime to work on creative problems.
And when that’s not enough, nothing beats spending some time doodling on a piece of paper sometimes with no other distractions. Link I said before, everything in moderation. Sometimes you do need to disconnect. What may look like a waste of time for some is actually a necessity for creative people. Sometimes creativity is born out of boredom and we need to give our brain some downtime for the spark to ignite.