Há uns anos começámos a ir uma ou duas noites por ano para um hotel, tipo mini férias, na altura do nosso aniversário de casamento. Os filhotes ficam com os avós e vamos só os dois tentar perceber se ainda temos assunto de conversa ou se a coisa já passou definitivamente para o campo dos silêncios desconfortáveis.
Depois de uns anos um bocado difàceis, desta vez senti que estávamos de volta a um sítio bom, onde gostamos da companhia um do outro e tivemos dois dias para recuperar a sensação de ser uma pessoa em vez de apenas uma mãe ou um pai, como é costume no dia a dia – pelo menos para mim.
Por muito que adoremos os filhos, a verdade é que eles tomam conta de todo o nosso tempo, atenção e espaço mental, mesmo quando não estamos com eles. É difàcil por vezes perceber o que ainda sobra de mim, o que eu sou enquanto pessoa, sem ter de me preocupar com tomar conta de outras criaturas. É um sentimento raro e mais precioso por isso mesmo. Gostei de perceber que ainda estou cá. Tenho muito trabalho pela frente até chegar onde quero mas ainda não desapareci.
Este ano fomos passar um fim de semana à serra da Lousã. Ficámos num hotel simpático ao pé do parque biológico, em Miranda do Corvo. O quarto não era mau mas tinha o barulho constante das máquinas de ar condicionado, o que se tornou um bocado irritante. Mesmo assim não posso dizer que tenha dormido mal.
O hotel não tem piscina exterior mas é mesmo ao lado de uma piscina pública para a qual dão vouchers aos hóspedes. Fomos uma vez, ao fim do dia mas era só miúdos a fazer bombas e a atirar água uns aos outros pelo que não tive grande vontade de voltar. No dia seguinte optámos antes pelo jacuzzi e piscina interior que estavam sem ninguém e foi muito mais relaxante.
Acabámos por não visitar o parque biológico, mesmo lá ao lado, porque de fora se viam uns corvos em gaiolas (grandes, mas gaiolas na mesma) e achámos aquilo um bocado deprimente.
Visitámos o castelo de Penela e jantámos lá perto. É uma vila simpática, com um aspecto cuidado mas sempre a subir, como seria de esperar de uma zona com castelo.
Também passámos uma tarde agradável perto de uma piscina fluvial. A água era absolutamente gelada por isso não ficámos na piscina mas resolvemos antes seguir o percurso do rio até chegar a uma zona com sombra onde dava para deitar no chão, na margem do rio, com os pezinhos na água. Muito melhor que qualquer praia.
Depois subimos até ao ponto mais alto da serra porque o Pedro estava fascinado com os moinhos de vento.
As estradas de montanha são um bocado assustadoras e apanhámos um carro completamente em contramão, vários a abrir e outro simplesmente parado na estrada, de que o Pedro se conseguiu desviar por pouco, mas felizmente sobrevivemos.
E num pormenor que só tem piada para os Almadenses, vimos uma placa no meio da serra a indicar que Cacilhas era ali perto. Deve ser um portal qualquer que só os locais conhecem 🙂