Chegámos a casa vindos da escola e fui fazer o jantar. Deixei a Joana a comer e ver tv, algo que detesto mas a que ela se habituou. Não me apetecia ter logo uma discussão sobre o assunto. É pelo cansaço que eles nos vencem.
Chamei o Tiago que estava a jogar no PC e fui sentar-me a descansar um bocadinho. A Joana aparece pouco depois a pedir um gelado. Mandei-a acabar o jantar e parar de pensar em doces, como se isso funcionasse. Segundo confronto e ainda nem são 7.30.
Pouco depois apercebi-me que o Tiago ainda não tinha aparecido para jantar. Fui chamá-lo num tom de voz bastante mais convincente desta vez (leia-se “aos berros”) e ele lá apareceu. Aqueci-lhe o jantar (outra vez) e vi que ele estava a preparar-se para comer em pé, à pressa, para voltar ao jogo. Insisti que se sentasse e fizesse aquilo com mais calma e fui tratar do meu jantar. Felizmente lá fez o que lhe disse, sem dar mais luta.
A Joana entretanto já tinha acabado de comer. Assim que me sentei a jantar veio perguntar se já tinha acabado porque queria ver um filme. Respondi que já tinha visto televisão suficiente e que fosse brincar com outra coisa. Foi pà´r batom. Voltou passados 5 minutos a dizer que tinha mudado de ideias e afinal queria jogar na playstation. “Já vai, filha!”
Fui lavar os dentes e depois lá lhe liguei aquilo com o jogo. Assim que está tudo operacional – câmara montada, comando move ligado, opção 3D desligada, etc – vejo que ela está calmamente a desenhar com marcadores. Ao fim de um bocado lá se digna a olhar para a tv – para me dizer que se enganou e afinal não é aquele jogo.
Vai buscar o outro jogo, muda-se, passamos pelo processo todo de novo. Joga 5 minutos e diz “já podes desligar, mãe.”
Acho que se viu o fumo a sair pelos meus ouvidos.
Desligo tudo e ponho-me a ver uns tutorials sobre distress inks no youtube. Ela fala o tempo todo porque voltou aos marcadores e esteve a fazer lista de compras. “Mãe, precisamos de fiambre? E queijo? E doritos? E “¦”
à€s dez da noite (porque é sexta feira e deixo-os ficar acordados até mais tarde) pede para pintar com pincéis e tintas. Quando digo que não, porque é hora de ir dormir, começa a choramingar. Desisto de tentar explicar que não me apetece ter de ir lavar pincéis à meia noite e vou tomar banho. Quando saio, lá a convenço a ir lavar os dentes. Depois de se rebolar na cama agarrada à s calças do meu pijama e fazer tudo menos ir escolher a história que quer que eu lhe leia hoje, acabou por adormecer na minha cama, ao meu lado, enquanto escrevia isto.
Acho que nem consigo expressar o nàvel de cansaço que a Joana me provoca à s vezes, com a sua constante exigência e o “tem de ser exactamente como eu quero e tem de ser agora. Ah, e afinal mudei de ideias.”
Adoro a minha filha, é super meiga, brincalhona e certamente a sua persistência será uma mais-valia no futuro, mas há alturas, quando já estou tão cansada que só quero a minha cama, em que só me apetece fugir. Mas pronto, amanhã há mais.