Depois de andar a ler umas coisas sobre “Capsule Wardrobes”, e porque, como tantas mulheres, tenho constantemente a sensação de não ter nada para vestir, apesar das gavetas cheias, senti-me inspirada a dar volta ao meu roupeiro, de forma organizada.
Um “capsule wardrobe” é uma tentativa de simplificar o roupeiro, limitando o número de peças a usar em cada estação do ano. A ideia é ter, por exemplo, um total de 37 peças, incluindo sapatos, para cada 3 meses. A ideia é definir o estilo que gostamos, as cores base para a estação e criar um conjunto de peças que se possam usar todas em conjunto umas com as outras para criar vários conjuntos diferentes. Depois só se usam essas peças durante 3 meses. Quando muda a estação cria-se uma versão adaptada à s condições atmosféricas da estação seguinte.
O objectivo é ter só roupa que se quer usar e simplificar a escolha do que vestir de manhã. Pareceu-me uma ideia interessante, apesar de poder parecer limitada, e até imprimi o PDF de planificação para me ajudar a tomar algumas decisões.
Não me meti na maluqueira de tirar tudo e depois logo se vê, porque isto não é coisa para se fazer num dia, e ter o quarto num caos não é algo que me agrade. O quarto é o meu refúgio cá em casa – quando está muito barulho, quando quero ficar sozinha um bocado, quando estou cansada – e preciso que seja um espaço onde quero estar.
Comecei aos poucos a tirar a roupa, experimentar, separar o que não serve e fotografar o resto, peça a peça. Tenho uma grande tendência para tirar a primeira coisa que vejo na gaveta, que coincidentalmente é a última coisa que foi lavada, e assim estou sempre a usar as mesmas peças. O resto fica esquecido lá para o fundo, ao ponto de já nem me lembrar que tenho certas coisas. A organização vertical da roupa, que fiz há uns tempos, melhora isso bastante, mas mesmo assim, a repetição é constante. Ao fotografar as peças consigo vê-las em conjunto e perceber mais facilmente o que tenho, o que gosto, porque é que uso umas mais vezes, etc.
Basicamente fotografei as calças, saias, casacos e alguns tops e tive de parar. Mas foi o suficiente para tirar algumas conclusões. Como por exemplo: tenho imensa roupa que adoro mas nunca uso porque me sinto “overdressed” ou como se estivesse mascarada e não me atrevo a vestir aquilo no dia a dia. Ou seja, estou sempre à espera de uma ocasião especial para usar aquilo, que nunca chega, e as coisas lá vão ficando a ocupar espaço, sem nunca serem usadas.
Percebi que a roupa que gosto tende para o gótico light. Não vou andar por aà com um vestido vitoriano e sombrinha, mas se não me sentisse ridàcula, se calhar até andava. O meu Pinterest está cheio de coisas dessas. É esse o estilo que gosto, apesar de nunca me ter considerado gótica, propriamente. Só que quando a vida é andar a levar crianças à escola, ir ao supermercado, ao atelier de joalharia, com os riscos inerentes a trabalhar com fogo, serras, etc, não é muito prático andar assim vestida. Acabo por ir buscar os mesmos jeans e t-shirts de sempre e o resto, olha, lá fica…
Para contrariar essa tendência e começar a vestir mais aquilo que gosto, arranjei um app chamado Stylebook. Tentei primeiro uma grátis chamado Pureple, que não funcionou lá muito bem, por isso comprei a outra. Permite importar as fotos da roupa que tirei, organizá-las por categorias e criar “looks”. Esses looks podem depois ser colocados no calendário, ficando assim com um registo do que usei em cada dia. Aquilo até faz estatàsticas das peças mais usadas entre outras cromices.
No fundo uma app destas é boa para podermos olhar, ao fim de uma estação ou de um ano, e perceber quais foram as peças que não usámos uma única vez e tentar perceber porquê. É desconfortável? Não se enquadra no estilo? Não temos nada que dê com aquela cor? Depois torna-se mais fácil decidir o que fazer com essas peças que só estão lá a ocupar espaço.
Agora ando a fotografar as peças que uso, dia a dia, em vez de fazer tudo de seguida. Ainda não percebi se consigo fazer o capsule wardrobe ou não porque ainda ando a testar o que me apetece vestir, mas a coisa para lá caminha aos poucos. aquilo que mais me custa é livrar-me de tops que adoro mas já estão com um ar gasto. Esses dói mesmo porque sei que não encontro igual. De resto, vou-me fartar de doar roupa este ano.