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Serviços que tratam os clientes como ladrões

O primeiro dia depois das férias é sempre um bocado caótico e hoje não foi excepção. A Joana volta para a escola mas o Tiago fica em casa, para além da mochila com toalha, lençóis, escova de dentes , mudas de roupa, etc, ainda é preciso levar os sacos com o material escolar para este ano, e acaba sempre por faltar qualquer coisa. Desta vez foi o Pedro que se esqueceu da carteira, algo que só notou depois de ter estacionado no parque da estação de comboios.

Para ele não ter de voltar a casa a pé, o que é um grande esticão, especialmente com este calor, e não interessa nada ir trabalhar a escorrer de suor, ofereci-me a levar-lhe a carteira. Agarrei no Tiago e fomos para a estação de metro (MTS) onde tentei, por duas vezes, carregar o cartão com um bilhete simples. De ambas as vezes deu erro de carregamento e, em vez da máquina cuspir fora as moedas, como devia numa situação destas, cospe antes uma nota de crédito e diz-me para me dirigir a uma estação que tenha atendimento (que se resume a duas dentro da cidade).

Para não haver mais confusões com o cartão que tinha claramente deixado de funcionar, e porque depois de perder dois euros estava a ficar sem moedas, rasguei-o e deitei-o fora, não fosse acontecer o mesmo novamente. Que atrocidade que eu fui fazer. Aparentemente devia ter parado para ler as letras miudinhas.

Depois de entregar a carteira parei na estação de Almada e dirigi-me ao guiché com as duas notas de crédito. A senhora que me atendeu recusou-se a devolver o dinheiro – ou carregar os bilhetes no cartão novo que fui entretanto obrigada a comprar para substituir o outro, porque já não tinha o cartão que deu erro. A minha reacção foi a que considero lógica: então eu tenho aqui a nota de crédito, qual é o problema?

A resposta, que acho altamente insultuosa para um cliente é a seguinte: aparentemente a senhora tem de verificar se o cartão que eu tentei carregar era mesmo o meu porque eu podia andar por aà­ à  cata de notas de crédito que outras pessoas deixam na máquina. Ou seja, eu posso ser uma criminosa perigosa que anda a assaltar velhinhas indefesas e a roubar-lhe as notas de crédito que as máquinas de bilhetes atiram em vez de fazer o seu trabalho ou devolver o dinheiro que retiveram.

Resmunguei e acusei-a a ela de estar a roubar-me a mim até a senhora ceder com a conversa do “mas veja lá que é só desta vez”. Sim, porque eu faço isto todos os dias – faz parte da minha carreira criminal.

Acho inacreditável e inaceitável a camada de burocracia e insultos que os chamados “serviços ao público” teimam em atirar para cima dos clientes. Já agora não quer uma ordem de tribunal e uma amostra de DNA? É que a desculpa não faz sentido nenhum.

E se alguém, por acaso, deixa ficar uma nota de crédito na máquina, é problema da pessoa, não da empresa. Se ninguém reclamar é a empresa que fica com o dinheiro sem o merecer, logo, quem são eles para se armarem em detentores da verdade neste caso?

Eu compreendo que há pessoas más, mentirosas e capazes de tudo, mas para uma grande empresa, que ainda por cima depende da utilização dos seus serviços pela população, seria de esperar que tentassem tratar bem os clientes. Em vez disso acham boa polà­tica mandar embora pessoas que têm na mão o comprovativo da falha do serviço com desculpas idiotas e insultos.

A pior parte é que este tipo de serviços, por pior que seja, não vai à  falência porque são suportados pelos nossos impostos, por isso acham que não têm de se esforçar muito.

Não digo que isto seja uma caso terrà­vel mas é apenas uma pequena amostra da atitude no geral. Já não é a primeira nem segunda vez que tenho problemas com o MTS e provavelmente não tenho mais porque uso pouco. Entre atrasos gigantescos, portas a fechar em cima das pessoas, falta de informação importante e mau serviço aos clientes, já para não falar do elevado custo dos bilhetes e nos atropelamentos, que acredito que não sejam inteiramente culpa deles, é um bom exemplo de como Nà‚O gerir uma empresa de serviço ao público. E eu até era a favor do metro no inà­cio. Naive human.

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