Aos seis anos o Tiago está um miúdo esperto, criativo e bastante mais responsável do que eu alguma vez esperaria. Preocupa-se imenso com o que é correcto, o que pode ou não fazer e cumpre as regras de uma forma quase obsessiva. Quando acha que fez asneira põe-se a ele próprio de castigo. Há algum tempo castigava-se batendo na sua própria cabeça, mas depois de lhe dizer algumas vezes que ninguém bate no meu filho, nem sequer ele próprio, parece ter-se deixado disso. Passou por uma fase mais complicada, há uns meses, mas parece estar melhor. Esperemos que continue.
O Tiago tornou-se também muito protector da irmã. Apesar de por vezes a achar uma chata, especialmente quando ela anda a tentar irritá-lo de propósito, como é normal para uma criança de dois anos que quer a atenção do irmão mais velho, mesmo que seja pela negativa, brincam juntos muitas vezes e o Tiago não a magoa mesmo quando se vê que tem muita vontade. É uma dinâmica interessante de observar.
A sua actividade favorita no momento é desenhar. É capaz de continuar o mesmo desenho dias a fio e faz umas coisas extraordinariamente detalhadas, super coloridas e já com um cuidado a nàvel de composição da página que me surpreende. Estou a guardar alguns dos seus desenhos mais detalhados porque o “artista” tem a mania de amarrotar e rasgar os desenhos que faz se por acaso há um risco que não fica como ele queria. Isto em desenhos que demoraram dias a chegar à quele ponto.
Anda neste momento a experimentar materiais, desde os comuns lápis de cor,de cera e marcadores até ao pastel de óleo, que é o seu favorito do momento (algo que não agrada muito à mãezinha que depois tem de andar a limpar interruptores, cadeiras, paredes, etc) e quantas mais cores melhor. Ainda não chegou à fase de ser ele a misturar as cores mas já anda a falar nisso – queria saber como é que se faz azul turquesa claro.
Eu sei que tudo isto parece conversa de mãezinha babada que acha que o seu filho se vai tornar um grande artista mas não é nada disso. Acho importante incentivar os seus interesses, sejam eles quais forem, e acho que isto é uma fase como já foi a da plastina, a dos cubos de madeira e a dos Bakugans. O importante é que eles se interessem pelas coisas e explorem. Quanto mais coisas experimentarem, melhor noção têm mais tarde do que gostam e do que são capazes de fazer. Na escola preocupam-se muito com o Português e a Matemática. Eu acho importante dar-lhe oportunidades de experimentar tudo o resto. No final, se ele é veterinário, electricista ou engenheiro de robótica espião é lá com ele.
Aquilo que me surpreende é que uma pessoa espera que os filhos façam desenhos de umas casinhas super tortas com árvores e nuvens e nós somos forçados a sorrir e dizer “oh, está tão giro!” e no caso do Tiago gosto mesmo de alguns dos desenhos que ele faz.