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Desastrada

O sábado passado foi uma grande confusão. A minha mãe tinha combinado ir buscar o Tiago depois de almoço e eu fiquei logo a antecipar uma tarde calma para descansar um bocadinho. Para conseguirmos aproveitar a tarde, eu e o Pedro passámos a manhã a tratar das tarefas que têm de ser feitas diariamente – dar comida aos gatos, limpar os caixotes, deitar lixo fora, por roupa na máquina, fazer compras, etc. Foi precisamente nesta última tarefa que se deu o primeiro acidente.

O Pedro tinha saà­do para ir ao supermercado e eu estava sentada a por a roupa na máquina. Abri o armário para tirar o tira-nódoas, distraà­-me com a conversa do Tiago e deixei o armário aberto. Depois ele disse que queria comer já não sei o quê, levantei-me para ir buscar o que ele pediu e bati com o topo da cabeça na esquina da porta do armário. Acho que nunca tinha dado uma cabeçada com tanta força.

Fiquei um bocado sentada, agarrada à  cabeça e o Tiago pergunta ‘mãe, não te consegues levantar?’. Por momentos pensei que estivesse preocupado comigo mas rapidamente mudei de ideias porque quando fui buscar gelo para por na cabeça ele começou a dizer que queria chazinho. Chazinho? Mas o que é que o fez lembrar disso de repente? Depois lembrei-me: costumamos por cubos de gelo no chá, brincadeira que o Tiago adora. OK, não está preocupado com a mãe, está só a precisar de qualquer coisa com que se entreter. Engoli os primeiros insultos que me vieram à  cabeça e fui fazer chá e deixá-lo por cubos de gelo lá dentro. Pelo menos enquanto o gelo derretia conseguia estar sentada um bocado a recuperar.

Quando fui espreitar tinha uma pequena ferida mas nada mais. Voltei ao trabalho.

Infelizmente o dia acabou por não correr como esperava. Todo o esforço adicional para ter a casa arrumada de manhã foi em vão porque a minha mãe atrasou-se e acabou por não levar o Tiago e, pelo contrário, acabei com a casa cheia de gente a tarde toda. Se não estivesse tão cansada não me importava nada mas numa altura em que ando a adormecer pelos cantos e cuja única ambição que tenho na vida é conseguir estender-me na cama cinco minutos que seja, trocar uma tarde de sábado calma por uma casa cheia de gente, por mais simpáticas que sejam as pessoas, é o suficiente para me dar vontade de chorar. Oh well…

Na segunda feira fui buscar o Tiago à  escola e caà­. Como esta cidade é um mar de escadas, incluindo a entrada do nosso prédio, costumo optar por levar a Joana presa ao peito em vez de levar o carrinho que é um pesadelo com degraus. Infelizmente, ter uma criança ao peito limita bastante o campo de visão e ando sempre com imenso cuidado, especialmente a subir e descer escadas.

O Tiago estava precisamente a subir uma escada, e eu a prestar-lhe atenção para ele não cair. Distraà­-me um segundo e não vi um degrau que estava num dà­tio estúpido – não era uma escada, era um patamar mas que tem um pequeno desnivel com um único degrau. Coloquei o pé demasiado à  frente e desiquilibrei-me.

Foi uma daquelas situações em que tudo desacelera e parece que temos imenso tempo para pensar apesar de não conseguirmos controlar a situação. Algures ali no meio aceitei que cair era inevitável e fiz o esforço de me segurar de forma a tentar evitar que a Joana batesse no chão. Estiquei os braços para aparar a queda e consegui. Sentei-me no chão para a examinar o mais que consegui mas vieram logo umas dez pessoas, um homem agarrou-me debaixo dos braços para me por de pé e nem tive tempo para perceber se estava magoada ou não. As pessoas foram todas muito prestáveis e acabaram por dispersar excepto duas senhoras que insistiam que eu me devia sentar e não pareciam querem aceitar não como resposta. Fui o mais simpática que consegui mas expliquei que tinha o meu filho e que morava perto e lá fui andando.

Algures aà­ pelo meio apercebi-me que me doà­a o tornozelo mas não era nada de insuportável. Um pequeno entorse. Liguei ao Pedro e depois à  minha mãe, deixando toda a gente em pânico. Aquilo que me preocupava era o abanão que a Joana levou com a queda, mesmo sem ter batido. Queria saber que sinais devia procurar na miúda para confirmar se estava tudo bem.

A minha mãe foi ter comigo a casa, examinou a Joana e confirmou que ela estava bem. O meu tornozelo tem uns tendões um bocado amarrotados mas não é nada que um anti-inflamatório, meia elástica e uns dias de descanso não curem.

Como o pé não doi o tempo todo sequer, convenci-me que hoje já estaria boa. Ontem a  minha mãe foi buscar o Tiago à  escola mas hoje tenho de ser eu e isso implica carregar o carrinho da Joana escadas abaixo o que não é muito compatà­vel com passar o dia de perna no ar. Convenci-me que estava bem de tal forma que passei novamente a manhã nas arrumações do costume – loiça na máquina, tratar dos gatos, etc – mas à s 11 comecei com dores no pé outra vez. Raios. Tenho a casa toda para arrumar, o amigo do Tiago devia vir cá hoje brincar com ele e assim não me safo. Só me apetece dar estalos a mim mesma por ser tão desastrada.

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