Um filme visualmente fabuloso. A história passa-se num hospital, nos anos 20, em que um duplo de cinema recupera de uma queda. Uma menina com um braço partido convence-o a contar-lhe uma história para passar o tempo e a interpretação visual dessa história é lindàssima, apesar de ter desde o princàpio um lado violento e perturbante.
Rapidamente sentimos que a tragédia é eminente, especialmente quando nos apercebemos que o Roy está cada vez mais deprimido, algo que tem influência tanto na história que conta como na relação com a criança, que começa a ser cada vez menos saudável e mais manipuladora. A história é sentida principalmente do ponto de vista da menina, uma actriz com uma naturalidade e uma vulnerabilidade fabulosas, o que a torna mais perturbante porque conseguimos compreender factos que ela não consegue.
A história dentro da história vai mudando e os personagens vão-se transformando de acordo com a imaginação da menina, a identificação dos personagens com pessoas reais – o pai dela, o próprio Roy, a rapariga por quem ele está apaixonado, etc – e torna-se cada vez mais violenta. A menina revolta-se contra a forma como os personagens vão morrendo mas ao mesmo tempo quer desesperadamente saber como a história acaba, acreditando, contra toda a probabilidade, que ainda é possível um final feliz.
Acho que o filme vale a pena ver pelo lado visual. A história em si não é original o suficiente para poder ser considerado um grande filme mas a beleza das imagens dá-lhe um interesse extra.