Consegui finalmente acabar de ver o Mirrormask, ao fim de três tentativas. Conseguir ver um filme de seguida continua a ser uma impossibilidade devido a falta de tempo e uma criança impaciente.
A parceria Neil Gaiman/ Dave McKean é algo que dura há muitos anos e que culminou no filme Mirrormask, escrito pelo primeiro e realizado pelo segundo. Desde a faculdade que sigo aquill que o Neil Gaiman escreve e gosto muito de praticamente tudo. No entanto nem sempre gosto da interpretação visual das mesmas, preferindo ser eu a imaginar as personagens e histórias.
No que diz respeito ao Dave McKean, acho que ele tem um estilo muito próprio e um trabalho bastante interessante mas que está muito fora da minha zona de conforto. Por causa disso estava um pouco relutante em ver este filme, com receio que fosse demasiado grotesco visualmente.
A primeira frase que li sobre a história, muito antes do filme estar acabado, deixou-me logo com vontade de o ver: uma rapariga que quer fugir do circo e juntar-se à vida real. É a atitude tàpica do Neil Gaiman de agarrar em algo comum e virá-lo de pernas para o ar. A história é relativamente simples e tem muitos pontos em comum com a Alice nos Paàs das Maravilhas e o Coraline – uma rapariga que se encontra de repente numa realidade alternativa e que vai encontrando diversos personagens estranhos pelo caminho, uns bons e outros maus.
Visualmente este é um dos filmes mais estranhos que já vi – há um ou dois do Peter Greenaway que considero igualmente estranhos mas que, ao contrário do Mirrormask, me deixaram com vontade de vomitar. O Mirrormask é estranho porque é inteiramente concebido dentro do estilo peculiar do Dave McKean, misturando imagens reais com ilustração, máscaras, gatos com cabeça de pessoas, pombos com corpo de gente e bicos que passam a vida a cair, e uma série de outros personagens e circunstâncias bizarros. No entanto, aquilo que eu mais temia, que toda esta estranheza desse ao filme um ambiente macabro, não chega a acontecer. É um conto de fadas, não é um filme de terror. A personagem principal consegue dar ao filme uma constante fonte de optimismo e esperança que nos faz sentir que vai tudo correr bem e o perigo nunca é inteiramente real. Suponho, porém, que possa mesmo assim ser um filme perturbante para crianças pequenas, especialmente se não tiverem idade suficiente para compreender bem a história.
A minha cena preferida é quando a Helena, depois de ser capturada pela rainha negra, é vestida por um conjunto de robots a cantar ‘why do clouds suddenly appear…’ Achei fabuloso 🙂