Ando a lutar com o facto de acumular demasiadas coisas. Gostava de conseguir ter uma casa mais minimalista mas parece impossível. Por vezes faço uma razia aos armários e deito sacos e sacos de coisas fora mas parece que nunca faz diferença e que o espaço ganho fica preenchido novamente numa questão de minutos. Chego a deitar fora certas coisas que até tinham alguma valor ‘emocional’ numa tentativa extrema de me desprender de tudo o que não seja essencial mas no fim sinto sempre uma grande sensação de falhaço.
As coisas mais complicadas são aquelas que foram caras ou que ainda funcionam mas que não usamos. É difàcil deitar fora esse tipo de coisas. Não me importava nada de as dar a quem queira, uma alternativa muito mais simples para mim do que deitar fora, mas não conheço pessoas suficientes ou com os mesmos gostos ou necessidades.Costumava dar muitas coisas aos meus pais até perceber que isso fazia com que começassem eles a acumular tralha inútil e por isso desisti. A minha mãe já tem problemas suficientes em deitar coisas fora sem ter alguém como eu a alimentar-lhe o vàcio de fazer ninho.
Comprámos uma passadeira que nos ocupa metade da sala e que usámos pouco tempo e depois deixámos de ter paciencia. Eu odeio exercício fàsico com todas as minhas forças mas ainda fiz um esforço, mesmo sabendo que ia ser algo temporário e que a certa altura iria acabar. Agora a passadeira não é mais do que um incómodo, um monstro que ocupa espaço que não temos e mais uma coisa para ter de limpar. Continua a funcionar lindamente mas o Tiago já arrancou os logos todos e por isso também não está num estado suficientemente novo para a conseguirmos vender.
Como este exemplo, temos vários. Há 5 ou 6 caixas de peças de computador – placas gráficas, motherboards, etc, – dos vários computadores que o Pedro foi montando ao logo dos anos e de que não tem coragem de se livrar, sempre com aquela fantasia que um dia destes vai juntar tudo e montar um computador para o Tiago ou algo do estilo. Mas a verdade é que não tem tempo e se for preciso alguma peça nova o mais provavel é já não ser compatàvel com as antigas e tudo aquilo não passa de tralha.
Enfim, os exemplos são infinitos e o conflito que nos causam também. Temos um teclado midi com uma tecla que não toca (o Pedro entretanto ofereceu-me um novo, muito melhor mas aquele continua por aqui), tenho a minha mesa de trabalho e caixas e caixas de contas e materiais, que não quero deitar fora mas que gostava que estivessem um pouco mais fora do caminho, etc. A verdade é que odeio acumular coisas, odeio não conseguir ter a casa arrumada, especialmente porque passo praticamente todo o meu tempo aqui.
Desde que o Tiago nasceu o problema piorou. A roupa e sapatos estão sempre a deixar de servir, já tivemos que mudar a cama e comprámos um carrinho mais leve, por isso o original tornou-se apenas ‘tralha’. Felizmente algumas das coisas foram para o meu irmão quando o Gabriel nasceu e na semana passada dei o carrinho da chicco com todos os acessórios à Diana que vai ter bebé em Janeiro. É bom poder ajudar e melhor ainda ganhar algum espaço com isso. Sinto logo que a casa fica mais leve, mas dura pouco tempo.
Esta semana, se continuar com esta febre, vou tentar deitar fora metade da casa. Vamos ver se consigo.
Compreendo-te tão bem! E eu a pensar que era das poucas a sentir que tenho a casa atafulhada e que tudo cresce proporcionalmente ao nº de filhos.Enfim, as coisas que compramos acabam mais tarde ou mais cedo por se tornar tralha e quando damos por isso…é o pânico!!
E já agora deixa-me acrescentar que tenho cá o meu adorado piano acústico vertical que já foi-quase-vendido duas vezes e ali continua…agarradinho a uma das paredes da sala…enfim
Sei que com o tempo acumulamos imensa tralha, mas deitar fora é que não. Há tanta gente que pode sorrir ao receber aquilo a que nós chamamos “tralha”.
Dê a uma Instituição… Se tiver roupa do Tiago unisexo, eu aceito.
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