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Ridà­culo

Normalmente ignoro estas coisas mas tenho passado diariamente por um cartaz da CMA que anuncia um concerto da banda “Buraka Som Sistema” e ao fim de uns dias aquilo começou a dar-me vontade de rir.
Não estou aqui a falar da música, que nem conheço, mas apenas do nome da banda. Buraka Som Sistema parece-me um nome altamente cómico. Se o Gato Fedorento ou companhia estivessem à  procura de um nome de banda para um sketch não fariam muito melhor do que Buraka Som Sistema. Em primeiro lugar, será que acham mesmo que Buraca escrito com K soa melhor? Mais cool? É ridiculo. E em segundo lugar, ‘som sistema’ que é obviamente uma tradução avacalhada de ‘sound system’ não é mais do que um assassinato linguà­stico que dá vontade de mandar estes gajos de volta para a escola. Se queriam um nome à  inglesa, ficassem pelo inglês. Se é para ser português então respeitem a lingua.

Ah, mas o nome é irónico, dirão alguns. A sério? E será que os senhores da banda Sistema de Som da Buraca sabem o significado da palavra irónico? É que se nenhum dos produtores, músicos e managers que trabalhavam para a Alanis Morissette na altura em que ela escreveu o ‘Ironic’ tinham conhecimento suficiente para lhe explicar que não havia nada de irónico na música dela (a não ser o facto de não saber o que a palavra significa) então como é que posso acreditar que estes tipos sejam mais esclarecidos?

Acho que este é apenas mais um exemplo da tentiva de glorificação da estupidez e ignorancia que vem muito do hip-hop e que tenta mascarar falta de conhecimento com a desculpa de que falar e escrever mal é apenas mais uma forma de expressar uma certa cultura urbana.

Infelizmente acho que está a funcionar e que as alterações mais recentes à  lingua portuguesa são prova disso: para quê ensinar as pessoas a escrever bem a sua lingua quando podemos simplesmente definir que agora passa a escrever-se mal.

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14 Comments

  1. Queres ver o que é escrever mal ? visita um blogue/fórum frequentado por estudantes (um dos morangos com açúcar, por exemplo) e vê bem o atentado á língua Portuguesa que por lá se faz…

    Nem quero pensar no sofrimento dos professores para tentarem perceber o que nossos jovens escrevem nos testes.

  2. O que me incomodou neste post é que pelo que li, apercebo-me que nem conheces a banda. É evidente que o nome é uma sátira, aliás, se conhecesses o som que eles tocam, percebias que é claramente uma sátira. Nem tudo tem de ser erudito. Buraka Som Sistema é muito bom, é para dançar, para ficar bem disposto. Sinceramente, eu que acompanho este blog há muito tempo, acho que de vez em quando podias ouvir BSS, garanto-te que não serias tão séria e carrancuda como às vezes pareces ser. Finalmente, Buraka som sistema não é hip-hop.

  3. iâ‹…ronâ‹…ic
       /aɪˈrɒnɪk/
    –adjective
    1. containing or exemplifying irony: an ironic novel; an ironic remark.
    2. ironical.
    3. coincidental; unexpected: It was ironic that I was seated next to my ex-husband at the dinner.

    Se esta terceira definição não se aplica à letra da Alanis, então não sei o que se aplica. Quer-me parecer que não é a Alanis que não sabe o que significa ironic………

  4. Já estava a contar os minutos até aparecer a primeira fangirl irritada 🙂

    Sara, apercebes-te que não conheço a música? Parabéns! Isso só quer dizer que sabes ler porque digo-o logo no inicio do segundo parágrafo. Também digo que a música não é para aqui chamada e que o comentário é meramente à escolha do nome.

    Não preciso de ouvir BSS (bulshit sound? has a better ring to it) para deixar de ser ‘carrancuda’. Sabes lá se não passo os dias a dançar em roupa interior ao som do Walking on sunshine? Achas que descrevo mesmo tudo o que faço? Escrevo aquilo que corro o risco de me esquecer e quando preciso de ventilar. O resto é privado.

    E por fim: não digo em lado nenhum que é hip-hop. Eu sei que não é hip-hop. Se calhar não sabes ler tão bem como parecia ao princípio…

    TG: Passas o tempo a defender a letra da Alanis, provavelmente em todos os blogs e foruns que encontras, certo? É que não pode ser novidade nenhuma para ti que uma lista de situações infelizes ou trágicas não é o mesmo que ironia. Rain on your wedding day? How is that ironic? It may be unfortunate but that’s about it. O exemplo que dás não é mais feliz pelo que passo a citar o seguinte: ” The words ironic, irony, and ironically are sometimes used of events and circumstances that might better be described as simply “coincidental” or “improbable,” in that they suggest no particular lessons about human vanity or folly.” (http://www.thefreedictionary.com/ironic)

  5. Buraka Som Sistema é um nome idiota a tentar fazer-se passar por engraçadinho. Claro que quem gosta pode achar piada e quem não gosta ou não conhece só vê um nome idiota.

    Mas o pior é mesmo a música. Tu podes não gostar de música de dança, mas eu gosto e já ouvi muita coisa do espectro mais baixo dos bpms até à quase insuportabilidade do Trance mais agressivo e detesto BSS. Talvez porque eu oiço a música de dança pela parte da música e não pela parte da dança (sim, eu sei, sou esquisito).

    Mas seguindo a lógica de que “é para dançar, tanto faz”… então qualquer porcaria serve. E é por isso mesmo que existe o Dj Tiesto: maior porcaria que isso deve ser difícil e o povo manja daquilo que nem ginjas.

    Mas perco-me…

    Quanto à discussão do hip-hop… Vejamos, BSS não é, estritamente falando, Hip Hop, mas não é preciso muito poder de observação para ver toda uma série de tiques e truques da cultura hip-hop nesta banda. Só porque a música parece que alguém atirou uma granada e um TR808 para dentro de uma sala cheia de pessoal da Buraca e depois fechou a porta, não quer dizer que os tipos não se vistam, falem e mexam “à hip-hop”.

    Basta verificar o vídeo mais popular:

    http://www.youtube.com/watch?v=OpYR7ilLbfo

    Quanto a uma pessoa sentir-se feliz ou não por ouvir uma gaja a gritar “Wegue! Wuegue!”, isso é pessoal e intransmissível. Eu cá sinto-me feliz de ouvir um gajo a gritar furioso “there’s happiness in slavery!”, a música também me faz dançar e, pensando bem, Pregos de Nove Polegadas é um nome tão idiota como outro qualquer.

  6. Dee
    Lidas mal com os comentários que te são aqui deixados. Se calhar seria melhor fechares a caixa a comentários ou arriscas-te a ouvir uma opinião diferente da tua, mesmo que não seja um insulto (como não foi).
    E essa conversa tão típica de blog em que as pessoas dizem que não são o que escrevem no blog, concordo até certo ponto. No entanto, não posso deixar de dizer que o blog é sempre autobiográfico e por mais babyblog ou craftblog que seja, deixa bem transparecer algumas das características estruturais de quem o escreve. Foi só nesse sentido o meu reparo. Mas como não leio bem, vou deixar de comentar seja o que for aqui, porque já percebi que os comentários aqui não são bem vindos ou pelo menos, não são argumentados sem ser com base no rasteirinho.

  7. Sara, os comentários que caem para o insulto são apagados. De resto não me incomodam.
    Infelizmente para quem comenta às vezes dá-me imenso gozo desancar as pessoas, especialmente quando pegam num ponto que não tinha qualquer relação com o que escrevi – como falar da música da banda que não interessa para a o caso – ou se me aparecem aqui a dizer que eu devia fazer seja o que for, como foi o teu caso – por duas vezes.
    Quando se comenta é preciso estar preparado para a resposta que normalmente não é ‘pois é, tens toda a razão’.

  8. Honestamente, nada disto faz grande sentido. Conversas textuais nunca funcionam. Até no IM as coisas correm mal muitas vezes porque uma das pessoas escreve com uma intenção e a outra lê com outra.

    Em caixas de comentários de blogs a coisa complica-se ainda mais.

  9. Já agora, e sem querer parecer preciosista, onde se lê:
    “pudemos simplesmente definir que agora passa a escrever-se mal”,
    penso que deveria ler-se:
    “podemos simplesmente definir que agora passa a escrever-se mal”.
    Acho que não interpretei mal a coisa, pelo quepara que a frase mantenha o sentido, deve usar-se a primeira pessoa do plural no presente (podemos) e não no pretérito perfeito (pudemos).

  10. 🙂
    Tens toda a razão, Maria e já corrigi. Não era preciso ir tão longe – bastava dizer que tinha um erro 🙂
    Na verdade, quem sou eu para estar aqui a embirrar com pessoas que escrevem mal quando passo a vida a cometer erros atrozes graças ao uso constante do inglês. Saem frequentemente aberrações como ‘carate’ em vez de ‘quilate’ ou ‘frantico’ em vez de ‘frenético’ por estar a pensar numa lingua e a falar noutra ou mudar demasiado depressa entre as duas. E muitas vezes não tenho tempo para reler os posts à procura de typos e há pelo menos 5 ou 6 em cada um que nunca me dei ao trabalho de corrigir. Só que acho que existe uma grande diferença entre cometer um engano acidental e cometer barbaridades propositadas.

  11. Só fui tão especifica para tentar clarificar a que parte do texto me estava a referir, porque citando o Pedro Couto e Santos: “Conversas textuais nunca funcionam”. E de facto a quantidade de equívocos nestas “conversas” é enorme!
    Quanto ao uso abusivo de “mau português”, tens toda a razão e concordo inteiramente contigo! É uma coisa que faz muita confusão à minha pobre cabecita, mas olha, sem querer parecer alarmista… acho que isto nao vai melhorar no futuro.

  12. ProfessorPixel says:

    O melhor blog de sempre para estas situações é, na minha opinião, o Blog do ódio.
    Embora seja um pouco politizado, é uma óptima zona de escape, pena estar adormecido desde 10 de Maio de 2008!

  13. Joana AKA Yogini says:

    Muito bom dia,

    Encontrei este blog através dum feed que recebi da Webmania com uma entrevista ao seu marido (já agora, os meus parabéns pelos 10 anos do blog) e estava a gostar de ler..até chegar a este.

    Peço desculpa se acho a crítica desmesurada…já para não falar na falta de conhecimento do que é a cultura Hip Hop que foi mostrada num dos comentários. Buraka Som Sistema é nome de gozo obviamente..uma sátira ao “k” tão usado hoje em dia em situações “cool” (eu também não uso e odeio) e ao termo sound system tão usado no mundo da música, principalmente no mercado do reggae. O som é de festa, despreocupado e sem qualquer objectivo de seriedade ou mensagem..parece-me a mim que o nome segue esse conceito. Acho que há situações que merecem a nossa atenção e que podem realmente influenciar mais o estrago da bela língua portuguesa do que o simples nome de uma banda.

    Quanto ao Hip Hop…como ouvinte da parte boa (porque concordo que existe a outra parte e sou a primeira a atacar) estou cansada da falta de respeito que existe pela cultura. Não porque quero que toda a gente goste, mas sim porque gostava que falassem do que conhecem. Percebo que em grande parte a culpa é nossa, de quem vive esta cultura..que infelizmente deixamos só os maus exemplos fazerem “barulho” suficiente para se fazerem ouvir e isso por si só deita-nos por terra mas eu quando não sei o suficiente, ou o que sei é pelos media ou pelos fracos exemplos…prefiro manter-me caladinha ou pelo menos apontar só meio dedo, para não ficar sem unha. É uma cultura vastíssima, tanto a nível musical (ou não tivesse nascido da arte do sampling), como na expressão física (nas várias vertentes de dança que representa que remontam à epoca do funk) como na mensagem política e social (em minoria mas jamais esquecida).

    Deixo um convite…a quem quiser dar uma oportunidade à realidade que os media não pretendem vender sobre o Hip Hop porque secalhar não dá jeito. Porto, no CACE…dia 1, 2 e 3 de Maio realiza-se a Eurobattle, o maior evento de dança do país (dentro desta cultura). Vêm bailarinos de todo o mundo..e vive-se intensamente a cultura durante estes 3 dias..onde a coisa mais ghetto style (que é sempre um dos “doces” dos HH haters) que podem encontrar é provavelmente alguma roupa…e digo alguma porque não, não nos vestimos todos assim…e sim, até isso tem uma razão. Mas isso fica para outras núpcias..

    Obrigada pelo espacinho e boas escritas..

    Já agora…as melhoras para toda a família porque esse vírus também já me visitou.

  14. Cara Joana, o meu post não é mais do que um comentário a algo que me chamou a atenção de passagem e que me deu vontade de rir. Estas coisas às vezes vão por aí fora e um pensamento leva a outro. Aquilo que começou por ser um mero comentário a um nome de banda acaba a falar dos pontapés na lingua portuguesa porque, para além da grafia do nome, o sítio onde vi o cartaz é precisamente em frente a uma escola secundária populada pela fauna juvenil típica, de calças abaixo do rabo e outras modas actuais que me parecem tão absurdas que percebo logo como estou a ficar velha.
    O nome da banda deu-me vontade de rir. Se é suposto ser cómico, muito bem, então cumpriu inteiramente o seu objectivo. Mas nesse caso não compreendo qual é o problema. Não acabámos de concluir que é suposto ser um nome propositadamente ridículo?
    O problema é que a imagem que a banda passa nas fotos que tenho visto não tem uma ponta de sentido de humor. Têm normalmente um ar bastante sério e até algo agressivo, daí a referencia ao Hip hop; Mesmo sabendo que o estilo musical da banda cai mais para o techno, a roupa e postura são obviamente mais hip hop. E é a última vez que volto a dizer isto porque se ainda não perceberam voltem ao principio e leiam tudo de novo.
    Não estou interessada em atacar ou defender a ‘cultura’ hip hop e mais uma vez o meu post não é sobre isso. É simplesmente um comentário a algo que me chamou a atenção e me deu vontade de rir.
    A música é uma forma de comunicação universal e é natural que surjam sub-culturas urbanas que usam formas simples de música e ritmo para exprimir as suas ideias ou modo de vida.
    O que odeio no hip hop é a parte hoje em dia mais visivel e mais comercial que é a onda do gangta rap: glorificação do crime como modo de vida e forma de enriquecer depressa e aquilo que vem daí – a pose agressiva e machista, a ideia que o importante é ter muito ouro ao pescoço, um grande carro e gajas semi-nuas espalhadas pelos cantos que valem menos que lixo. Toda essa imagem me mete nojo de uma forma indescritível.
    O facto de muito disto ser também associado a música sem mérito, baseada unicamente em samples roubadas de pessoas que efectivamente se deram ao trabalho de escrever músicas, com um ‘uh-hum, yeah’ por cima só vem piorar a situação.

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