Recentemente tive uma daquelas sensações que me atingem ocasionalmente. Senti que estava na altura de mudar para uma nova fase. O Tiago está cada vez mais independente e isso começou a dar-me espaço para retomar algumas daquelas pequenas coisas que faziam parte da minha vida antes dele nascer e que foram interrompidas por falta de tempo, energia e disponibilidade mental.
Tudo começou com algo que costumava ser quase vulgar: comecei a escrever uma música nova no duche. É um cliché, eu sei. Mas é-o porque faz todo o sentido. Uma pessoa está ali sem mais nada em que pensar e há uma certa tendencia para começar a cantarolar e de repente aparece uma música nova. Esta começou com uma frase bastante cliché também, ‘love is blind’, e evoluiu a partir daà. Não é nem tem de ser uma obra-prima mas é algo que já não acontecia há tanto tempo que me surpreendeu.
Graças a isso fiquei com imensa vontade de rever as músicas que deveriam ter formado o meu ‘segundo album’ caseiro se alguma tivessem sido terminadas. Há uma em particular que continua a fascinar-me (e me faz sempre pensar ‘como é que eu alguma vez consegui escrever isto?’) e fiquei com vontade de aprender a tocá-la (porque eu escrevo as músicas no piano, toco-as uma vez para gravar e depois esqueço-me como são – um bocado como estudar para os exames na escola 🙂 – e por isso depois tenho de as reaprender do princàpio).
Sentei-me então ao piano e aprendi a tocar essa música. Acho que pela primeira vez na vida senti verdadeiro gozo em praticar. Dantes queria era saber tocar a música e a repetição necessária para chegar lá era um tédio. Mas agora gostei de repetir até à exaustão a mudança de acorder e insistir nas partes mais difàceis. O Pedro diz que é por estar mais velha mas acho que é simplesmente por não fazer aquilo há tanto tempo e ter saudades.
Nos dias que se seguiram continuei a tocar a mesma música e ainda não está perfeita mas já a sei de cor o que é optimo porque assim posso sentar-me em quaisquer cinco minutos livres e praticar mais um bocadinho sem precisar de ter a pauta à frente.
Na terça feira de manhã fui ao dentista e qualquer coisa pelo caminho fez disparar mais um pequeno interruptor. Não sei se foi o facto de poder andar pela cidade sem estar a empurrar um carrinho de bebé ou o simples facto de me sentir bem a andar depressa fez-me pensar em desdobrar novamente a passadeira (que tem estado fechada porque o Tiago gostava de subir lá para cima e depois cair) e voltar a tentar fazer exercício.
Os últimos anos têm sido brutais para o meu corpo. Eu conseguia passar anos com o mesmo peso e agora em 3 anos aumentei 5 quilos que não estou a conseguir perder. Convenhamos que estou mais velha, com um metabolismo ligeiramente mais lento, praticamente não saio de casa e o único exercício que fiz no último ano tem sido andar com o Tiago ao colo. Sei que podia e devia ter feito mais mas sentia-me demasiado cansada e sinceramente cheguei a um ponto em que já não queria saber.
Só que a sensação de cansaço constante também se deve ao facto de não fazer exercício suficiente e como tal é um ciclo vicioso. Por isso resolvi tentar outra vez.
Normalmente a minha boa vontade relativamente ao exercício fàsico esvai-se em cerca de uma semana. Se estiver particularmente motivada sou capaz de durar um mês mas raramente passa disso. Isto porque para mim fazer exercício é ligeiramente mais desagradável do que espetar alfinetes por baixo das unhas. Não consigo explicar porque detesto assim tanto mexer-me de forma organizada mas a verdade é que desde a educação fàsica do secundário que jurei nunca mais praticar qualquer tipo de desporto se o pudesse evitar.
Andar na passadeira ainda suporto porque é um exercício natural. Correr, por outro lado, é um tormento. Estou a tentar. Não faço promessas mas estou a tentar. Pelo menos desta vez eu e o Pedro estamos a fazer exercício ao mesmo tempo para ver se conseguimos puxar um pelo outro. Espero que funcione.
E andar de bicicleta ?
Não custa muito, também dá para respirar ar puro, passear por sÃtios bonitos e incluir o bébé nesses passeios. Há aquelas cadeirinhas que se colocam nas bicicletas e que nem são muito caras.
É curioso…os anos vão passando, os interesses desvanecem-se para mais tarde voltarem, sem avisar e dando-nos um misto de saudade, alegria e vontade de recomeçar! Também estou como tu…a musica voltou ao meu mundo de uma forma mais fluente; tenho composto músicas infantis, por razões óbvias e o tampo do piano começa a abrir-se de quando em vez. As mãos é que estão bastante enferruadas e as escalas já não fluem mas lá vamos…devagarinho, não é?
Quanto ao exercÃcio…bem, parece que partilhamos o mesmo ódio de estimação!!