Ontem de manhã ia comprar pão quando o Tiago agarrou na bola e correu para o elevador. Não podia ignorar todo aquele entusiasmo por isso levei-o ao campo de jogos. Ele foi o tempo todo com a bola na mão e passou meia hora feliz da vida a correr atrás da bola até finalmente se cansar. Quando começou a pedir colo fui à padaria e voltámos para casa.
Durante a sesta estive a preparar uma encomenda e quando o Tiago acordou fomos aos correios. Já consigo que ele ande pelo seu próprio pé na rua e ainda por cima de mão dada, algo que ele se recusava a fazer há uma semana atrás. Foi a pé até quase aos correios e só quando estavamos quase à porta é que voltou a pedir colo.
Esta semana já tinha conseguido faze-lo andar até à farmácia e no dia seguinte até à s finanças que é um bocadinho mais longe. Corre tudo muito bem até alguém se meter com ele. Aà acabou. Agarra-se à s minhas pernas a pedir colo e não volta a querer ir para o chão.
Eu até compreendo. Se fosse a andar calmamente pela rua e alguém que não conheço chegasse ao pé de mim e me mexesse também me sentiria bastante assediada. As pessoas têm uma certa tendencia para se esquecer que as crianças são pessoas e precisam do seu espaço pessoal.
Ao fim da tarde estivemos a brincar com pasticina. Está finalmente a perder o hábito de meter tudo na boca por isso já lhe posso dar este tipo de coisas (desde que não o deixe sozinho, claro, porque senão ele aproveita logo). Tudo o que seja novo e diferente já consegue prender-lhe a atenção por bastante tempo.
Ao jantar tivemos mais uma novidade: o Tiago bebeu sozinho por um copo normal. Ainda não percebeu bem que precisa de inclinar a cabeça para trás para beber mas já se safa bastante bem, segurando o copo com as duas mãos. Nem sequer entorna muito.
Como gosta de saltar etapas hoje já esteve a beber do copo enquanto andava de um lado para o outro – isso de fazer as coisas devagarinho é para os fracos.
Continua a tentar convencer-me a ligar-lhe a televisão sempre que pode mas eu vou para o quarto dele e chamo-o para ler um livro e ele acaba por desistir. Acho que tenho conseguido manter a televisão em pouco mais de uma hora por dia, limitando-a a antes e depois das refeições quando tenho de estar na cozinha, para ele não ficar sozinho a chorar. Se o pudesse deixar ir para a cozinha comigo podia deixar a tv só para o fim do dia, quando já estou demasiado cansada para andar a correr atrás dele, mas entre as camas e comida dos gatos e os armários que têm uns puxadores tão afastados que ainda não conseguimos arranjar nada para os trancar, não é seguro.
Hoje levei-o novamente ao campo de jogos mas para além de estar um vento cortante estavam também lá 3 miúdos bastante mais crescidos a jogar à bola e o Tiago limitou-se a ficar especado a olhar. Ainda andou um bocadinho mas pouco tempo depois estava a abanar a mão e a dizer ‘bye’ e começou a pedir colo, tudo indicações que se queria ir embora.
É interessante como os livros sobre bebés são tão importantes quando eles são muito pequenos e depois vão perdendo a relevancia. Quando ele era mais pequenino havia dias que eu lia e relia os livros à procura de uma explicação para o facto de ele não parar de chorar. Agora ele já dá sinais tão obvios do que quer que não preciso de grande ajuda para o compreender. É bom saber que ele está a aprender a comunicar e que me consigo relacionar com ele mais facilmente.
Aquilo que continua a custar um bocado são as refeições. É a única altura do dia em que por vezes perco a paciencia. A nova mania de empurrar a colher com a mão quando não quer mais sopa é particularmente irritante porque entorna tudo. Sei que está mesmo a entrar nos terrible twos e que vou precisar de paciencia redobrada mas há dias em que estou mais cansada e não é fácil. Herdei o short fuse do meu pai e se não tenho uns instantes para respirar fundo apetece-me partir tudo e desatar a gritar. Este ano e meio tem sido um treino intensivo de auto-controlo e acho que até nem me estou a safar muito mal mas cada vez que o filtro falha e levanto a voz, mesmo que só por um instante, fico a sentir-me culpada o resto do dia. Preciso que ele me respeite e obedeça as regras até certo ponto mas não quero que tenha medo de mim. É uma linha dificil de manter.
Também para mim, as refeições são a pior altura do dia. Um teste à resistência de qualquer mortal. Já nem me lembro há quanto tempo dura. (O C.C. tem agora 13 meses e meio).
Não há refeição nenhuma em que não comece por gritar, abanar as mãos e a cara e recusar a comida. É SEMPRE preciso inventar qualquer coisa para o distrair. Às vezes (demasiadas) também me passo da cabeça. A única coisa que evita os gritos que me apetece soltar é pensar que o resultado ainda será pior. Vai começar a chorar e será ainda mais difÃcil dar-lhe a comida.
Quando tudo termina, tento animar-me e pensar que tudo irá passar. Quando? Não sei.